A evasão é um dos desafios encontrados em cursos de educação a distância, causando perdas, seja de recursos materiais ou pessoais, decorrentes do elevado índice de alunos que abandonam os estudos. Em consonância com o movimento de crescimento de taxas de evasão nos cursos na modalidade a distância, o Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica (GAF-EaD) também apresentou um número significativo de estudantes evadidos. A preocupação com esses índices levou ao desenvolvimento do presente trabalho, que teve como objetivo identificar o perfil dos estudantes evadidos nas duas edições ofertadas, e analisar aspectos relacionados à evasão no Curso, focando nos motivos que contribuíram para evasão dos estudantes e nos fatores relacionados ao Curso que poderiam contribuir para a permanência dos mesmos. Optou-se pela realização de um estudo descritivo e exploratório, utilizando as abordagens quantitativa e qualitativa. Para esse estudo, consideraram-se evadidos: os estudantes que reprovaram por frequência insuficiente; os que foram desligados por frequência insuficiente; ou aqueles que formalizaram a desistência por meio de formulário específico ou comunicado via e-mail. A etapa quantitativa, que considera as duas edições do Curso GAF-EaD, foi desenvolvida com base nos dados obtidos a partir do Sistema de Controle Acadêmico da Pós-Graduação (CAPG) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As variáveis analisadas foram: idade, sexo, Polo Regional Presencial, distância do município em que residia do Polo Presencial, tempo de formado (em anos) e vínculo empregatício. Utilizou-se a ferramenta tabela dinâmica do software Microsoft Excel®, versão 2010, para tabulação e análise descritiva dos dados. Os resultados foram apresentados de forma descritiva, por meio de frequência absoluta e relativa. Para a etapa qualitativa, foi realizada a análise documental dos formulários de desistência e também dos e-mails enviados à Coordenação Técnica informando sobre a desistência, além de um questionário enviado aos estudantes evadidos da segunda edição do Curso GAF-EaD. As características dos estudantes evadidos foram semelhantes em ambas as edições, havendo o predomínio do sexo feminino, faixa etária entre 25 e 39 anos, até 10 anos de formado, residentes mais afastados do Polo Regional, vinculados aos Polos da região Nordeste ou Norte, e estatutários, sendo que algumas dessas características refletem o perfil geral dos estudantes matriculados no Curso. Demonstrou-se no presente estudo que os fatores relatados que contribuíram para a evasão na maioria das vezes são multicausais, sendo possível agrupar estes fatores em diferentes categorias, que se convergem na maioria das vezes. Foi possível identificar diferentes grupos
de fatores, de acordo com o respectivo instrumento analisado neste estudo (formulário de desistência e questionário aplicado). Assim, a “impossibilidade de realizar tarefas”, a “troca de emprego ou função”, “outros” e as questões de “saúde” se mostraram mais evidentes nas respostas obtidas pela questão fechada dos formulários de desistência, enquanto que “dificuldade de acompanhar as atividades”, as “condições pessoais”, a “mudança de emprego ou função” e o “contexto familiar” foram os fatores mais evidentes apontados na questão que solicitava a explanação de maiores detalhes sobre os motivos da desistência, presente no mesmo formulário. As respostas mais frequentes respondidas no questionário autoaplicado permitiram agrupá-las em “condições pessoais”, “dificuldade para acompanhar as atividades” e “dificuldade na liberação para participar dos encontros presenciais”. Com relação aos fatores apontados pelos estudantes que contribuiriam para a não evasão do Curso GAF-EaD, foram identificados aspectos relacionados à “infraestrutura e logística”, à dualidade entre as modalidades “distância versus presencial”, ao “apoio pedagógico” experimentado e ao “conteúdo” do Curso.