Após a ocorrência de lesões na pele, o organismo inicia o processo de cicatrização a fim de restabelecer as funções desse tecido. Os medicamentos tópicos são utilizados para otimizar a cicatrização, porém, é crescente a pesquisa por produtos naturais para esta finalidade. O mel é citado como um produto com efeito cicatrizante e antimicrobiano, mas sabe-se que tais efeitos dependem da fonte floral utilizada pelas abelhas. No Brasil, dentre os méis monoflorais mais disponíveis, estão o de assa-peixe, cipó-uva, laranjeira ou eucalipto. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial cicatrizante e antimicrobiano destes méis. Primeiramente, avaliou-se o potencial cicatrizante em 84 ratos Wistar submetidos à realização de uma ferida cirúrgica com punch metálico de 8 mm de diâmetro no dorso do pescoço. Cada grupo de 14 animais recebeu tratamento tópico, sendo: GC- NaCl 0,9%; GP- pomada comercial à base de fibrinolisina, desoxirribonuclease e cloranfenicol em petrolato base; Gap- mel assa-peixe; GCu- mel cipó-uva; GEu- mel de eucalipto; GLa- mel de laranjeira. Nos 2º, 4º, 7º, 10º, 14º, 21º e 30º dias após a confecção das feridas, dois animais de cada grupo foram submetidos à eutanásia e avaliação macroscópica das feridas. Além disso, retirou-se um fragmento de pele, subcutâneo e musculatura para avaliação histopatológica e da área da ferida. Verificou-se que os méis inibem a formação de edema e infecção e tornam transitória a presença de crostas. Os méis de laranjeira e de eucalipto reduzem a área da ferida. Os méis de assa-peixe, eucalipto ou laranjeira reduzem a inflamação e a necrose e, otimizam a formação do tecido de granulação, a fibroplasia e a repitelização. No segundo experimento, verificou-se o potencial antimicrobiano in vitro desses méis em diferentes diluições através de antibiogramas frente a cepas de Staphylococcus aureus Staphylococcus epidermidis, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. Observou-se que esses méis monoflorais não diluídos impedem o crescimento dos principais agentes bacterianos presentes na pele, com destaque ao mel de laranjeira no controle contra Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Escherichia coli. Conclui-se que os méis de assa-peixe, laranjeira ou eucalipto possuem potencial cicatrizante e antimicrobiano.