A presente tese de doutorado contempla 3 estudos independentes que compartilham do mesmo objeto de estudo, porém com diferentes objetivos. Assim, os objetivos foram três: Estudo 1) Verificar a efetividade de um modelo supramáximo de treinamento prescrito a partir do PV T-CAR em jogadores de futebol sub-20; Estudo 2) Verificar as diferenças no perfil de jogadores de futebol dentro das posições de jogo (defesa, meio-campo e ataque) e entre as posições, baseado na reserva de velocidade anaeróbia (RVAn); 3) Verificar a influência da RVAn no desempenho físico de jogos em atletas de futebol profissional. No primeiro estudo, examinou-se os efeitos de 8 semanas de treinamento intervalado supramáximo realizado a partir do desempenho do teste T-CAR em atletas de futebol sub-20. Para tal, 23 atletas de futebol de nível nacional (G_EXP; n = 13 e G_CON; n = 10) foram avaliados em uma série de testes no período pré e pós treinamento: Testes incrementais em campo e laboratório, Teste de sprint de 30 m e Teste de Wingate. No estudo 2, 120 jogadores de futebol de elite (46 defensores, 45 médios e 29 atacantes) realizaram o teste T-CAR para estimar a máxima velocidade aeróbia (MVA) e o teste de 30 m para determinar a máxima velocidade de sprint (MVS). A diferença entre a MVS e a MVA foi usada para determinar a RVAn. Os jogadores foram divididos em grupos com maiores (M) e menores (m) magnitudes de acordo com as suas respectivas MVS e MVA, para formar grupos: MVS-M, MVS-m e MVA-M, MVA-m, respectivamente. No estudo 3, 36 jogadores profissionais de futebol realizaram testes de campo para determinar a MVA (17,5 ± 0,7 km.h-1) e a MVS que permitiram a determinação da RVAn em dois grupos de maior e menor magnitude (RVAn-M, RVAn-m, respectivamente). Os participantes foram monitorados usando unidades de sistema de posição global (GPS) de 10Hz em um total de 43 jogos para quantificar o padrão de deslocamento dos jogadores em competição. Referente aos resultados: no estudo 1, a partir da inferência baseada na magnitude, pode-se observar que a MVA (T-CAR) provavelmente aumentou no grupo CON (Δ = + 2,09%; efeito do tamanho: 0,40 [IC 90%: 0,14 a 0,66]) e quase certamente aumentou no grupo EXP (Δ= + 5,49%; efeito do tamanho: 1,07 [IC 90%: 0,80 a 1,35]). Após o período de treinamento, a velocidade do lactato mínimo e o VO2max certamente (100/00/00%) aumentaram no grupo EXP, enquanto a velocidade de lactato mínimo provavelmente melhorou e o VO2max permaneceu inalterado no grupo CON. Os resultados da análise entre grupos não apresentaram diferenças substanciais (efeitos pouco claros) para mudanças na velocidade de sprint entre os grupos CON e EXP. No estudo 2, a comparação dentro da posição de jogo resultou em uma RVAn maior para os defensores, meiocampistas e atacantes com MVS-M (17,4, 23,4 e 17,4%, respectivamente) do que seus pares com MVS-m. Quando a RVAn foi comparada entre os grupos MVA-M e MVA-m, uma diferença significante foi encontrada (p <0,05). No estudo 3, as análises de GPS demonstraram que o grupo com RVAn-M foi capaz de percorrer 20,7% maior distância acima da MVA do que o grupo com RVAn-m. O número de sprints realizados pelo grupo de RVAn-M foi 10,4% maior que o grupo de RVAn-m. Além disso, uma alta correlação foi encontrada entre a MVS e a RVAn (r = 0,87, p-valor = 0,001). Por fim, concluiu-se que: Estudo 1) O teste T-CAR se mostrou como uma ferramenta útil para prescrição do treinamento intervalado supramáximo induzindo efeitos positivos para aptidão aeróbia (potência e capacidade) em um período de 8 semanas; Estudo 2) Em uma grande amostra de jogadores de futebol nenhuma diferença foi encontrada quando as posições de jogo foram comparadas, indicando características semelhantes do perfil de corrida. Contudo quando a amostra foi dividida em maior e menor MVS, diferenças significativas foram observadas em relação a RVAn em cada posição de jogo e entre posições. Ainda, a MVS é a principal medida que determina a magnitude da RVAn e pode ser considerada durante o desenvolvimento de um perfil de velocidade de corrida individual em jogadores de futebol; 3) Jogadores de futebol com maior magnitude da RVAn apresentam melhor desempenho em intensidades supramáximas em comparação aos jogadores de menor RVAn. Além disso, os jogadores de menor RVAn demonstraram um maior declínio de desempenho entre cada tempo de jogo.