ARAUJO, Jorgiane das Graças Vilar de. Associação entre ingestão dietética de cálcio e prevalência de síndrome metabólica em adolescentes. 2019. 87f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
O cálcio desempenha importante papel na regulação do metabolismo energético e no manejo do controle do peso corporal, através da regulação da lipogênese, contribuindo para a prevenção da obesidade e síndrome metabólica. Estudos epidemiológicos apontam consumo de cálcio abaixo das recomendações estabelecidas para adolescentes, ao mesmo tempo que a prevalência do excesso de peso vem aumentando de forma expressiva. Este estudo teve como objetivo avaliar a ingestão dietética de cálcio e sua associação com a síndrome metabólica, seus componentes e descrever o comportamento da insulina basal e HOMA-IR em adolescentes de 12 a 17 anos, que frequentaram escolas públicas e privadas nas cidades brasileiras, com mais de 100.000 habitantes. Foi realizado um estudo transversal, multicêntrico, de base escolar, subprojeto do Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA). Foram coletados dados antropométricos, bioquímicos e de consumo alimentar. Para o diagnóstico da Síndrome Metabólica, foi utilizado o critério estabelecido pelo International Diabetes Federation (2007). Para a verificação da associação foi utilizada análise de regressão de poisson e estimou-se as razões de prevalência e seus respectivos IC95%. Os dados foram examinados no software STATA, versão 14 (StataCorp., CollegeStation, USA), utilizando-se o módulo survey para análise de dados de amostra complexa. Foi verificado baixo consumo de cálcio na população, com média de 598mg ± 453.2, consumo inferior ao preconizado para a faixa etária. Destaca-se que meninas, dentro da faixa etária de 12 a 14 anos, obesas e estudantes de escola pública, alcançaram valores ainda menores de consumo de cálcio. A prevalência de SM foi de 2,5% na população estudada. Não foram encontradas associações significativas entre o consumo de cálcio e SM (RP: 0.95, IC95% 0.87-1.04), nem tampouco para os seus fatores de risco. Entretanto, níveis séricos mais elevados de HOMA-IR e insulina estavam entre os adolescentes com ingestão de cálcio inferior ao P50. Conclui-se que estudos de coorte devam ser incentivados para a monitorização do consumo de cálcio neste público alvo como forma preventiva de complicações metabólicas na vida futura.