Avaliou-se o efeito de um aditivo líquido contendo uma combinação de microrganismos viáveis
de bactérias láticas, bactérias formadoras de esporos e leveduras (S. cerevisiae) cultivadas em
consórcio (CBL; Global Saúde, Brasil/SCD Probiotics, EUA) sobre a digestão, o consumo, o
desempenho na lactação, a temperatura corporal e a resposta imune de vacas leiteiras. Vinte e
seis vacas Holandesas (185 ± 141 dias em lactação) foram alimentadas individualmente com
uma dieta de padronização por 14 dias e os tratamentos Controle ou CBL (3,5 mL/kg de matéria
seca da dieta total) por 56 dias, em um delineamento em blocos casualizados ajustado para
covariável e com estrutura de medidas repetidas ao longo do tempo. O CBL aumentou o
consumo de matéria seca (CMS. 23,5 vs. 22,5 kg/d. P < 0,01) e tendeu a aumentar a produção
de leite (30,0 vs. 29,4 kg/d. P = 0,06) e lactose (+ 60 g/d. P = 0,09). O leite corrigido para
energia/CMS foi reduzido pelo CBL (1,25 vs. 1,31. P = 0,02). A concentração de sólidos no
leite e o rendimento não diferiram (P ≥ 0,28). As vacas alimentadas com CBL tenderam a ter
maiores valores de ECC (3,02 vs. 2,91. P = 0,08), mas o PV não diferiu (641 kg, P = 0,27). O
CBL tendeu a reduzir a digestibilidade do trato total da MO não-fibrosa (81,2 vs. 84,1%. P =
0,08) enquanto que as digestibilidades do amido (90,7%) e FDN (48,4%) não diferiram (P ≥
0,20). A proporção molar de butirato no líquido ruminal tendeu a ser reduzida por CBL (9,4 vs.
10,4%. P = 0,06) assim como a concentração total de protozoários (P = 0,10). A relação
acetato/propionato (3,1. P = 0,89) e a produção microbiana do rúmen estimada pela excreção
urinária diária de alantoína (P = 0,21) não diferiram. O CBL reduziu a proporção de consumo
diário de manhã (35,1 vs. 40,4%. P = 0,02), aumentou a proporção no período da tarde (45,9 vs
41,9%. P = 0,03). Comportamentos de ruminação e ingestão não diferiram (P ≥ 0,16). O CBL
reduziu o N-ureico no sangue às 09:00 h (21,2 vs. 25,1 mg/dL. P = 0,01) e tendeu a reduzir em
16:30 h (20,1 vs. 23,1 mg/dL. P = 0,06) e 23:00 h (17,9 vs. 20,6 mg/dL, P = 0,09), mas não
afetou a N-ureico do leite (18,6 mg/dL, P = 0,47). O aumento da produção de leite e do CMS
induzidos por CBL foram associados ao aumento da temperatura corporal. As temperaturas
retais foram aumentadas pelo CBL às 09:00 h (38,3 vs. 38,1°C. P <0,01), 15:30 h (38,8 vs.
38,5°C. P = 0,01) e 22:00 h (38,5 vs. 38,2°C. P = 0,02). A frequência de vacas com temperatura
retal ≥ 39,2°C às 15:30 h foi de 18,2% no CBL e 6,3% no CTL (P < 0,01). A temperatura da
pele tendeu a ser aumentada por CBL às 09:00 h (34,1 vs. 33,8°C. P = 0,10) e foi aumentada às
22:00 h (35,1 vs. 34,7°C. P = 0,02). A sudorese nas semanas 4 (90,4 vs. 66,9 g/m2/h. P = 0,05)
e 5 (103,9 vs. 72,1 g/m2/h. P = 0,01) foi aumentada pelo CBL. O tempo gasto deitado foi
reduzido pelo CBL (742 vs. 813 min/d. P = 0,04). A taxa respiratória não diferiu (P ≥ 0,34). A
imunidade em resposta a uma vacina contra vírus/leptospirose no d 36 (D0) foi avaliada. A
interleucina-4 no soro tendeu a ser reduzida por CBL no D0 (779 vs. 859 pg/mL. P = 0,10) e
não diferiu nos dias 7 (D7) e 14 (D14) relativamente à vacinação (P ≥ 0,26). A interleucina-12
foi reduzida por CBL em D7 (611 vs. 709 pg/mL, P = 0,02), mas não diferiu no D0 e D14 (P ≥
0,27). Interferon gama e interleucina-10 não diferiram (P ≥ 0,20). Em D0, a concentração de
monócitos como proporção de leucócitos tendeu a ser aumentada por CBL (3,8 vs. 5,7%. P =
0,10). A CCS do leite foi aumentada pela CBL (49.500 vs. 67.000 células/mL. P = 0,03). O
CBL induziu maior aumento no CMS do que na produção de leite, diminuindo a eficiência
alimentar, e teve efeitos menores na digestibilidade e no perfil de fermentação ruminal. O
aumento do CMS e da produção de leite induzida pelo CBL foi associado ao aumento da
temperatura corporal e da sudorese, pequenas alterações nos marcadores de imunidade e
aumento do CCS do leite de vacas com baixa CCS.