A busca por métodos mais eficientes de controle de incrustações causadas pelo mexilhão-dourado Limnoperna fortunei em sistemas hidráulicos, como os de usinas hidrelétricas e estações de tratamento de água, passa tanto pela avaliação da eficiência dos produtos utilizados, quanto pelos riscos ambientais e operacionais a eles associados. As concentrações desses produtos e as condições de operação, também são considerados fatores-chave para a obtenção de resultados satisfatórios. Os métodos químicos são seguramente os mais empregados no controle de incrustações, em vários países, no entanto, também são considerados potenciais fontes de contaminação dos ambientes aquáticos. Logo, o objetivo deste estudo foi identificar e avaliar a eficiência dos principais compostos químicos utilizados no controle do mexilhão-dourado L. fortunei em sistemas hidráulicos, bem como avaliar os potenciais problemas ambientais e operacionais relacionados. Ainda, este estudo procurou determinar a toxicidade aguda de quatro produtos químicos (dicloroisocianurato de sódio, hidróxido de sódio, MXD-100 e Ferbax® Contato) utilizados ou potencialmente utilizados no controle de L. fortunei no Brasil. As informações, obtidas através de uma extensa revisão bibliográfica, foram analisadas de forma comparativa, estabelecendo-se campos de relevância, no plano da comparação, para as variáveis: eficiência, impactos ambientais e impactos operacionais. Os principais compostos químicos usados no controle do L. fortunei, identificados por este estudo foram: gás amônia, Bayluscide WP70®, BULAB 6002®, CLAM-TROL CT2™, gás cloro, dicloroisocianurato de sódio, dióxido de titânio, H-130M, hidróxido de sódio, MXD-100 e sulfato de cobre. Entre os produtos investigados, o hidróxido de sódio foi o que apresentou os melhores resultados e o gás cloro o pior. Características como a não seletividade em relação à espécie alvo; a geração de resíduos ou subprodutos tóxicos no ambiente; e uma série de indicadores de perigo, representam um conjunto de fragilidades que limitam a eficiência ou adequação dos métodos químicos atualmente empregados. Os indicadores utilizados para avaliar a toxicidade do dicloroisocianurato de sódio, hidróxido de sódio, MXD-100 e Ferbax® Contato foram: concentração letal mediana (CL50) e concentração letal 10% (CL10). Os testes de toxicidade aguda foram realizados em condições laboratoriais controladas, envolveram o uso de sistemas semi-estáticos, utilizando 80 indivíduos por tratamento e tendo duração de exposição de 96 h. As CL50 96 h foram calculadas em: 2,01 mg.L-1 para o dicloroisocianurato de sódio; 0,20 mL.L-1 para o MXD-100; e 0,03 mL.L-1 para o Ferbax® Contato. Além disso, estimou-se em 10,9 o pH necessário para provocar a morte de 50% dos organismos testados em 96 h. Os resultados aqui obtidos estabelecem, pela primeira vez, o grau de toxicidade do Ferbax® Contato, ao mesmo tempo que atestam o grau de toxicidade do dicloroisocianurato de sódio, do hidróxido de sódio e do MXD-100 para L. fortunei. Portanto, o reconhecimento dos métodos químicos, bem como, sua eficiência no controle de incrustação do L. fortunei, são ferramentas que irão contribuir para a busca de novos métodos que sejam menos impactantes ao ambiente e que minimizem os riscos nos processos de operacionais, além de serem economicamente viáveis.