A Sphagneticola trilobata (L.) Pruski (Vedélia) é uma planta muito utilizada na medicina popular. Ela é uma herbácea pertencente à família das Asteraceae com ação antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana e cicatrizante, características essas que impulsionaram a realização dessa pesquisa. Este estudo teve como objetivo testar a atividade antimicrobiana e cicatrizante do extrato hidroalcoólico bruto das folhas de Sphagneticola trilobata. Para a produção do extrato hidroalcoólico bruto, o material vegetal (folhas) foi desidratado em estufa a 40 ºC, posteriormente triturado e macerado em etanol 70% por 72 horas. A proporção extrato/planta empregado foi de 2 ml de solvente, etanol 70%, para 1 g do material vegetal. A solução extrativa foi filtrada e posteriormente concentrada em evaporador rotatório sobre pressão reduzida, a 45 ºC, resultando no extrato hidroalcoólico bruto com uma concentração de 140 mg/ml. Na determinação da quantidade de fenóis e flavonoides totais, foram usadas as metodologias de espectrofotometria e método calorimétrico por complexação metálica, respectivamente, e a triagem fitoquímica foi realizada por meio da cromatografia em camada delgada analítica. Para avaliar a atividade antimicrobiana foram testadas culturas de Staphylococcus spp., Escherichia coli, Serratia marcescens, Enterococcus faecalis, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella enterica, Salmonella Typhimurium, Klebsiella pneumoniae isoladas de pele humana e culturas de Staphylococcus spp. isoladas de pele de cães pelo o método de microdiluição em caldo. E para o estudo da atividade cicatrizante foram utilizados 60 ratos, nos quais foram realizadas quatro feridas cutâneas. Eles foram distribuídos em três grupos experimentais: grupo tratado (GT), grupo controle (GC) e grupo controle absoluto (GCA). As feridas foram avaliadas em três, sete, 14 e 21 dias de pós operatório (PO) quanto à contração, avaliação macroscópica, morfohistológica e morfohistométrica. Como resultados foram verificadas na análise fitoquímica a presença de fenóis e flavonoides totais nas concentrações de 21,7 mg e 0,23 mg por grama de extrato, respectivamente, e na triagem fitoquímica foi verificada a presença de derivados antracênicos, mono, sesqui e diterpenos. Na análise microbiológica, o extrato hidroalcoólico das folhas de Sphagneticola trilobata apresentou atividade antimicrobiana frente às culturas de Staphylococcus spp., Escherichia coli, Serratia marcescens e Enterococcus faecalis e as culturas de Pseudomonas aeruginosa, Salmonella enterica, Salmonella typhimurium, Klebsiella pneumoniae apresentaram resistência ao extrato. Todas as culturas de Staphylococcus spp. isoladas de pele de cães foram sensíveis ao extrato. Com relação a atividade cicatrizante, na análise macroscópica foi observada menor área de cicatrização aos 21 dias PO (p<0,05) no GT. Na avaliação morfohistológica o GT apresentou maior preenchimento do tecido de granulação pelas fibras colágenas e menor inflamação. Na morfohistometria, o comprimento da língua epitelial não teve diferença entre os grupos (p<0,05) e na contagem dos vasos sanguíneos a média dos valores foi maior no GT com três e sete dias PO (p<0,05). Na densidade das fibras colágenas verificou-se que o GT apresentou as maiores médias em todos os períodos (p<0,05). Conclui-se que o extrato hidroalcoólico bruto das folhas de Sphagneticola trilobata possui compostos secundários que favorecem a atividade antimicrobiana frente a bactérias isoladas de pele de diferentes origens e que o creme à base do extrato contribui positivamente no processo de cicatrização das feridas em pele de ratos.