Complicações cardiovasculares contribuem fortemente para o aumento da
morbidade e mortalidade em pacientes com acromegalia. No entanto, há poucos dados
em relação a função cardiopulmonar e autonômica nesses pacientes. Neste estudo nós
objetivamos investigar vários parâmetros de função cardiopulmonar e autonômica
cardíaca em pacientes com acromegalia comparando com controles sadios. Estudo
observacional e transversal em que selecionamos 30 pacientes acromegálicos (66,7% de
mulheres, idade média de 46,5 ± 15,1 anos) e 81 controles pareados para idade, sexo e
presença de diabetes. Todos os pacientes foram submetidos a um teste cardiopulmonar de
exercício. Nós avaliamos VO2 máximo, potência máxima, VE/VCO2 slope, tempo de
diminuição de VO2 após o exercício, reserva de frequência cardíaca e recuperação de
frequência cardíaca após exercício. A recuperação de frequência cardíaca foi calculada
subtraindo a frequência cardíaca no primeiro e segundo minuto a partir da frequência
cardíaca máxima. As características de base foram similares entre os grupos. A potência
máxima foi significativamente reduzida em pacientes com acromegalia (3,25 ± 1,45 vs
4,69 ± 2,08; p = 0,01). Não houve diferença estatisticamente significativa nos valores
médios de VO2 máximo (24.9 ± 9.6 vs 27.8 ± 9.1; p=0,149). O grupo acromegálico obteve
maiores valores de VE/VCO2 slope (36,4 ± 5,1 x 30,7 ± 4,3; p < 0,001) e levaram mais
tempo para reduzir o VO2 máximo atingido em 50% durante o período de recuperação
(142,7 ± 30,0 vs. 104,4 ± 18,0 segundos, respectivamente, p < 0,001). Nas medidas de
frequência cardíaca, pacientes acromegálicos tiveram um menor incremento de
frequência cardíaca do repouso para o exercício máximo (reserva de frequência cardíaca
e percentual de reserva de frequência cardíaca) quando comparado com o grupo controle
(72,3 ± 18,4 vs. 83,7 ± 21,9 batimentos por minuto; p = 0,013 e 46,9 ± 8,6 vs 50,8 ± 9,2;
p = 0,046, respectivamente). Na fase de recuperação, no entanto, não houve diferença da
frequência cardíaca de recuperação entre os grupos no primeiro ou segundo minuto pósexercício (23.6 ± 11.1 vs 23.9 ± 8.4 bpm; p = 0,907 e 38,7±12,0 bpm; p = 0,279,
respectivamente). Por fim, nós dividimos pacientes acromegálicos entre controlados e
não-controlados e não observamos diferença significativa em nenhum dos parâmetros do
teste de exercício cardiopulmonar. Pacientes com acromegalia tem um maior VE/VCO2
slope e maior tempo de diminuição de VO2 após exercício do que controles não
acromegálicos e isso confere pior prognóstico cardiovascular. Eles também mostrarammenor incremento na frequência cardíaca desde o repouso ao exercício máximo, o que
pode indicar alteração na função autonômica cardíaca. O controle da doença não
proporcionou melhores parâmetros quando comparados acromegálicos controlados ou
não da doença. Estudos prospectivos envolvendo um maior número de pacientes são
necessários para melhor definir o papel da normalização hormonal na disfunção
cardiopulmonar e autonômica cardíaca.