O Nordeste do Brasil é uma das regiões mais castigadas com a crise dos recursos hídricos, principalmente no semiárido onde as chuvas são mais escassas, contribuindo para insegurança hídrica da população. Entretanto, apesar desse cenário, as perdas de água no Nordeste são uma das mais altas do Brasil. A realidade de Pernambuco não é diferente, a empresa responsável pelo abastecimento do estado apresentou um índice de perdas na distribuição superando os 50% em 2015, sendo fundamental a investigação e identificação das causas das perdas nessas áreas. Espera-se por meio desse estudo analisar o sistema de distribuição de água e os processos de controle de perdas referente à rede de abastecimento em um distrito de medição e controle na cidade de Caruaru, localizada no Agreste de Pernambuco. As etapas a serem desenvolvidas na elaboração do estudo consistiram em: seleção da área de estudo, pesquisa documental, estudo de base de dados, estimativa do balanço hídrico, cálculo de indicadores de desempenho, apresentação do modelo hidráulico da rede, avaliação do controle de perdas e discussão de diretrizes para sua melhoria. Entre 2012 a 2016, Caruaru apresentou um volume de perdas de 64,39 milhões de m³. Essa água representa que, aproximadamente, 50% do que a empresa produziu para a cidade foi desperdiçada por causa das perdas. A partir de 2016, a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) através do programa COM+Água desempenhou intervenções importantes para estruturar o setor piloto Boa Vista 1 para o combate às perdas de água em Caruaru. O presente estudo identificou e descreveu as principais ações implementadas pela COMPESA sob o âmbito da gestão organizacional, mobilização social, e controle das perdas reais e perdas aparentes. No distrito de medição e controle (DMC) Boa Vista 1, em 245 dias, as perdas de água corresponderam a 68.082 m³ (29% do volume de água distribuído pela COMPESA), subdividindo-se em 49.068 m³ para perdas aparentes (72% do total de perdas e 20% do volume de entrada) e 19.014 m³ para as perdas reais (28% do total das perdas e 8% do volume de entrada). Assim, o gerenciamento através de um DMC possibilitou atuar de forma mais focada e eficiente para a realização dos trabalhos de redução de perdas. Porém, dificuldades técnicas e operacionais foram encontradas para aplicação da metodologia proposta devido ao abastecimento intermitente de água. A avaliação conjunta do balanço hídrico e indicadores de desempenho apontaram que, a priori, os programas de combate às perdas no DMC devem privilegiar o controle de perdas aparentes, porém, as ações para redução das perdas reais
também precisam ser implantadas. Independente da qualidade da rede de abastecimento de Caruaru, a operação deste, através do fornecimento intermitente, tem um efeito prejudicial sobre sua integridade física. A adoção de rodízios com o regime de fornecimento intermitente não é a medida mais efetiva e indicada para a conservação da água em sistemas de distribuição de água da região. Apesar das baixas precipitações pluviométricas da região Agreste de Pernambuco, combater as perdas poderia ser uma ação mais eficiente para reduzir a intermitência nessas cidades, propiciando segurança hídrica aos usuários. Os bons resultados em programas de perdas requerem continuidade das ações, mobilização e compromisso de todos os setores envolvidos. Esta visão precisa ser a grande missão das empresas de saneamento.