As leishmanioses são zoonoses parasitárias causadas por protozoários do gênero Leishmania, pertencentes ao grupo de doenças tropicais negligenciadas. São de difícil controle, não há vacina eficaz e o seu tratamento é baseado em um número limitado de drogas que apresentam uma gama de efeitos indesejáveis, além de já existirem relatos de resistência à essas drogas. O desenvolvimento de novos medicamentos demanda tempo e grandes investimentos financeiros e, tendo em vista essa limitação, a associação farmacológica de fármacos convencionais e a introdução de novas moléculas e tecnologias no desenvolvimento de novas formulações tem despertado interesse de pesquisadores. Neste estudo, demonstramos o efeito de associação da anfotericina B (Anf B) convencional e ácido gálico (AG) ou ácido elágico (AE) em formulação tópica de Gel de Polaxamer 407®. O AG e o AE são dois imunomoduladores naturais anteriormente estudados por nosso grupo e já reportamos sua ação antileishmania e potencial em modular a resposta imune. Foram realizados testes de estabilidade preliminar e de liberação in vitro dos fármacos nas formulações de Anf B, AG, Anf B + AG, AE e Anf B + AE na composição e tratamento in vivo de camundongos BALB/c infectados por L. major. Passados 40 dias da infecção, os animais foram divididos em 6 grupos, tratados 2x/dia, durante 21 dias com os géis de Anf B, AG, Anf B + AG, AE e Anf B + AE e o grupo controle negativo tratado com o veículo (polaxamer 407®). Os animais foram avaliados clinicamente mensurando-se o tamanho das lesões 1x/semana. Ao termino do tratamento e 14 dias após, os animais foram eutanasiados para avaliação ex vivo quanto à redução da carga parasitária no local da lesão e ativação de resposta imune celular, por meio da retirada de macrófagos peritoneais para avaliar sua ativação por capacidade fagocítica, atividade lisossomal, quantificação de nitrito e cálcio intracelular. Também foi realizado a infecção in vitro dos macrófagos peritoneais dos animais tratados com as formulações para avaliar o índice de sobrevivência de amastigotas internalizadas e o percentual de macrófagos infectados. Todas as formulações apresentaram-se estáveis no tempo T0 nos testes preliminares, sendo a formulação de AG a que houve maior liberação in vitro, seguido de AE e das formulações combinadas de Anf B + AG e de Anf B + AE. Houve efeito da associação entre Anf B e AG e Anf B e AE em todos os ensaios realizados. Nos animais que receberam tratamento houve redução do tamanho da lesão e redução da carga parasitária. O tratamento com as formulações contendo AG e AE foram capazes de ativar macrófagos em todos os parâmetros avaliados, bem como reduziram a quantidade de macrófagos infectados e o número de amastigotas por macrófago, indicando, portanto, ação terapêutica e ativação da resposta imune, levando a cura e proteção. O AG e AE produziram efeito de associação com a Anf B, o que torna promissor no tratamento da leishmaniose.