O trauma medular agudo é causa comum de disfunção neurológica em animais que compromete as funções motora, sensitiva e autonômica, podendo resultar em incapacidade permanente. O decanoato de nandrolona (DN) é um esteroide amplamente estudado por seu efeito anabólico predominante e baixo potencial androgênico. É descrito como estimulador de crescimento e promotor de resistência celular em diversos tecidos, inclusive o neurológico. Objetivos: Avaliar o efeito do DN em ratos submetidos ao trauma medular agudo. Materiais e métodos: Foram utilizados 32 ratos (Rattus novergicus, linhagem Wistar), adultos jovens, com peso entre 240 e 260 gramas, divididos em três grupos: grupo submetido à lesão medular aguda e tratamento (GNAN) (n = 13); grupo controle submetido à lesão medular sem tratamento (GCON) (n = 13); o terceiro grupo submetido à laminectomia sem lesão medular (GLAM) (n = 6), para controle de alterações decorrentes do procedimento. Para a produção da lesão medular utilizou-se um aparato de metal com liberação de peso de 20g de 25 cm de altura. Após exposição do canal medular uma haste de metal com diâmetro de 2mm era posicionada em contato com a medula, e ao liberar o peso, a haste era atingida e promovia a lesão medular. Após produção da lesão, administrou-se DN na dose de 2 mg/Kg, via intramuscular após o procedimento cirúrgico. Os animais foram avaliados quanto à recuperação da função motora em cinco momentos: 24 h, 48 h, 72 h, 7 e 14 dias pós-lesão medular. No 14º dia realizou- se eutanásia e coleta dos fragmentos da medula espinhal e bexiga urinária para avaliação histológica. Resultados e Discussão: Os animais submetidos à lesão medular apresentaram paraplegia, não pontuando na escala BBB. A partir do sétimo dia pós-lesão observou-se melhora locomotora gradativa nos grupos com variações na escala. Após lesão medular, todos os animais manifestaram retenção urinária. O retorno da função ocorreu em média no quinto dia pós-lesão, não havendo diferença significativa entre os grupos. A bexiga urinária foi avaliada qualitativamente quanto a presença de infiltrado inflamatório e hemorragia. Os critérios histológicos avaliados nos segmentos medulares foram hemorragia, cromatólise, necrose neuronal, astrocitose e astrogliose, células de Gitter, leuco e poliomielomalácia. A avaliação locomotora dos animais submetidos à lesão medular aguda revelou variações quanto a intensidade da lesão nos animais do GNAN e GCON. O tempo foi fator determinante na evolução clínica dos animais, sem evidências da influência do DN. As avaliações histológicas medulares apresentaram variações quanto à intensidade da lesão, com tendência de menor intensidade nos segmentos cranial e epicentro da lesão dos animais submetidos ao tratamento com DN, porém não constatou-se evidências estatísticas significativas. As avaliações histopatológicas da bexiga urinária demonstraram a existência de resposta inflamatória caracterizada cistite linfohistiocitária e neutrofílica, nos animais do GNAN e GCON, sem interferência do DN quanto à presença da alteração. Conclusões: O método de lesão medular utilizado reproduziu de maneira heterogênea, incapacidade funcional, sensorial e motora grave em ratos. O DN na posologia avaliada não influenciou de forma significativa no retorno da função locomotora e na intensidade das alterações medulares histopatológicas.