A cicatrização de feridas cutâneas é um processo complexo que visa restaurar a
integridade do tecido. Atualmente na rotina clínica veterinária existem diversos
tratamentos que auxiliam nesse processo estimulando a cicatrização. Nesse sentido,
as plantas medicinais já utilizadas para o tratamento de enfermidades, são uma
alternativa crescente no ramo da veterinária para o tratamento de lesões cutâneas.
Contudo, para o desenvolvimento de um produto comercial, se faz necessário a
comprovação de usa ação e segurança. Neste trabalho objetivou-se avaliar a
aplicabilidade de fórmulas contendo ativos de extratos vegetais no tratamento de
lesões cutâneas, em experimentos ex vivo e in vivo. Inicialmente obteve-se os extratos
e confeccionou-se duas fórmulas farmacêuticas distintas, a primeira chamda de LCFT
2001 e a segunda chamada de LCFT 2002. Nos estudos in vivo determinou-se
parâmetros metodológicos de temperatura, tempo de exposição e região corporal para
a confecção de lesões térmicas de segundo grau. Avaliou-se o efeito terapêutico das
formulações com a indução de lesões térmicas em animais experimentais, dividindoos em quatro grupos de tratamento diário: LCFT 2001, LCFT 2002, produto comercial
com ativo colagenase (CP) e ausência de tratamento (CN). Aos dois, cinco, oito, 14 e
25 dias de tratamento avaliou-se as lesões quanto a parâmetros clínicos, de retração
cicatricial e histopatológicos, e aos 25 dias quanto a tensiometria. Também investigouse o efeito anti-inflamatório com a indução de orelhas de ratos com óleo de cróton a
10%, e após uma hora receberam os seguintes tratamentos: LCFT 2001, LCFT 2002,
produto comercial contendo dexametasona (CP), solução fisiológica NaCl 0,9% (CN).
Após seis horas de indução, amostras de orelhas foram analisadas clínica e
histopatologicamente. No estudo de toxicidade, utilizou-se bulbos oculares
provenientes de frangos, os quais receberam 500µL ou 0,5g dos tratamentos
propostos: LCFT 2001, LCFT 2002, ácido acético 10% (CP) e solução fisiológica NaCl
0,9% (CN). Após a instilação dos produtos e aos 30, 75, 120, 180 e 240 minutos
seguintes, avaliou-se os olhos quanto a parâmetros de retenção de fluoresceína,
opacidade e edema de córnea. Constatatou-se que temperaturas entre 90° e 100°,
por 15” ou 20”, na região torácica reproduz lesão térmica de segundo grau. Observouse o efeito cicatrizante das fórmulas farmacêuticas semelhante a colagenase, com
exacerbação da inflamação removendo a necrose e proliferando a granulação nos
primeiros dias de tratamento, além da estimulação do desenvolvimento de colágeno
e a reepitelização aos 14 e 25 dias de tratamento, formando uma cicatriz resistente.
Também constatou-se que as fórmulas expressaram ação pró-inflamatória atingindo
efeito semelhante da dexametasona. Além disso, as fórmulas não apresentaram
opacidade e edema de córnea significativo, classificando-as como não irritantes ao
olho. Assim, conclui-se que as fórmulas contendo ativos de extrato vegetais possuem
propriedades cicatrizantes, anti-inflamatória e são seguras quanto a irritação ocular, o
que possibilitou a solicitação de registro de patente realizado em setembro de 2018.