A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada pela perda
progressiva e irreversível da função renal. Distúrbios metabólicos e condições
catabólicas relacionadas à doença renal e à terapia de diálise afetam
negativamente o estado nutricional de pacientes com DRC, deixando-os
permanentemente propensos ao protein energy wasting (PEW). O wasting pode
resultar de uma dieta inadequada, mas na doença renal, existem outros fatores
que resultam nessa condição. Alterações no gasto energético desta população
contribuem de forma importante para o prejuízo nutricional. Sendo assim, o
objetivo do estudo foi avaliar, de modo evolutivo, o Gasto Energético de Repouso
(GER) e parâmetros nutricionais de pacientes com DRC na fase pré dialítica,
dialítica inicial e dialítica tardia. Além disso, comparar os valores de GER medidos
pela Calorimetria Indireta (CI) aos valores estimados pela fórmula de Harris &
Benedict. Foram estudados os pacientes com taxa de filtração glomerular
estimada <15ml/min/1,73m² e avaliados de acordo com Protocolo de Avaliação
Nutricional e medida do GER por CI. Foram consideradas três avaliações
realizadas previamente: nos pacientes em estágio 5 não dialítico, no início da
diálise, após 30 dias do início da terapia dialítica e incluído no estudo atual, uma
última avaliação, após 1 ano do início da diálise. Os dados foram descritos em
média, desvio padrão ou mediana. Foi aplicado modelo misto em medidas
repetidas com teste de Tukey ou ajustado por modelo linear generalizado e a
análise de Bland & Altman para comparação dos métodos. Considerou-se nível de
significância p<0,05. Foram incluídos 22 pacientes com média de idade de 64,0 ±
11,5 anos, sendo 64,3% do sexo feminino, 18% afrodescendentes e 52% com
diabetes mellitus. O protocolo de avaliação nutricional mostrou redução da
albumina sérica entre a primeira e a segunda avaliação, e aumento na última
avaliação, fase mais tardia da DRC. Houve aumento dos níveis de proteína C
reativa (PCR) logo após o início da terapia dialítica e durante o primeiro mês de
diálise, com redução significante na fase tardia. A ingestão proteica aumentou,
sendo o aumento, evidenciado pelo Equivalente Proteico do Aparecimento de
Nitrogênio (PNA) e PNA normalizado para o peso corporal, ao comparar-se as
primeiras avaliações com a última. Foi possível notar também que a ingestão
proteica insuficiente no período dialítico, acompanhou a redução da
Resumo 3
Circunferência Média do Braço (CMB) e dos valores da albumina sérica, no mesmo
período, e que o aumento significativo da ingestão proteica na última avaliação
acompanhou a recuperação da CMB e aumento da albumina, quando comparada
ao início da terapia dialítica. É importante destacar que o PCR, clássico marcador
inflamatório também apresentou variações semelhantes quando avaliado na
população geral. Dessa forma, não é possível afirmar que as variações da
albumina não sofreram interferência das alterações dos níveis da PCR. Não houve
alteração significativa do GER, mesmo após dividir os pacientes em grupos
(hemodiálise e diálise peritoneal). Ao comparar os valores medidos do GER pela
CI e pela fórmula de Harris & Benedict, os métodos não apresentaram
concordância nesta população.