A infecção patogênica por Eimeria spp., denominada eimeriose ou coccidiose, tem
sido indicada como responsável por mortes, queda no desenvolvimento e baixa
produtividade em criações animais, ocorrendo principalmente em indivíduos jovens
devido à imaturidade do sistema imunológico. Quando são submetidos a um sistema
intensivo de produção, como em situação de confinamento, cordeiros podem se
tornar ainda mais susceptíveis às infecções por espécies de Eimeria, devido à alta
concentração de indivíduos, que potencializa a dispersão do parasito, e ao estresse
associado à criação. No estado de São Paulo, já foram identificadas dez espécies de
Eimeria em estudos prévios e, dentre elas, E. ovinoidalis foi considerada a mais
patogênica para ovinos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi descrever as
espécies do gênero Eimeria Schneider, 1875 que ocorreram em um confinamento de
cordeiros, bem como as dinâmicas da eliminação de oocistos no ambiente e
correlação com o ganho de peso médio diário (GMD) durante nove semanas. Cento
e quatro cordeiros de diversas raças e cruzas, com aproximadamente 60 dias de
vida, foram confinados e submetidos a pesagens, avaliações clínicas e coprológicas
periódicas. Amostras de fezes que continham mais de 500 oocistos de Eimeria por
gramas de fezes (OoPG) foram separadas para esporulação, posteriormente
determinando-se as espécies às quais os oocistos pertenciam. Dentre os 677
oocistos avaliados, as seguintes espécies foram identificadas: E. parva Kotlan,
Moscy & Vajda, 1929, E. crandallis Honess, 1942, E. ovinoidalis McDougald, 1979,
E. weybridgensis Norton, Joyner & Catchpole 1974, E. bakuensis Musaev, 1970
(sinônimo E. ovina Levine & Ivens, 1970), E. marsica Restani, 1971, E. ahsata
Honess, 1942, E. granulosa Christensen, 1938, E. pallida Christensen, 1938 e E.
faurei Moussu & Marotel, 1902. Eimeria crandallis foi a espécie mais frequente,
sendo identificada em 44 das 58 amostras avaliadas, enquanto Eimeria parva, na
maioria das semanas, foi a mais abundante nas contagens individuais. Nenhum dos
animais apresentou quadro de eimeriose clínica e houve correlação negativa, porém
não significativa, entre o GMD e o OoPG para todos os cordeiros (- 0,075), bem
como para os dados referentes a animais das cruzas Dorper e Ile de France (– 0,143
e – 0,077, respectivamente). Conclui-se que, para este estudo, a constante
exposição a oocistos esporulados, inclusive de espécies patogênicas, e o estresse,
gerado pelo manejo diário e sistema de criação, não foram suficientes para causar
quadros de eimeriose.