A presente pesquisa está voltada ao fomento da leitura dos clássicos da literatura na
escola, através da adaptação em cordel. A proposta executada teve como objetivo
verificar a recepção do romance A Viuvinha, de José de Alencar, e dos folhetos de cordel
Os martírios de Jorge e Carolina, do poeta Manoel Pereira Sobrinho, e Jorge e Carolina,
de Rouxinol do Rinaré, em uma turma de 9º ano de uma escola de Alagoa Grande PB.
Foi possível caracterizar a relação texto leitor a partir dos estudos sobre a estética da
recepção, seguindo os parâmetros de uma pesquisa exploratória, que possibilitou
condições de investigar, de maneira reflexiva, os dados coletados através de
instrumentos como gravações audiovisuais, para percepção e discussão em torno da
recepção e expressões dos alunos no ato da leitura das obras. Assim, nossa atuação
apresentou característica etnográfica, que requer a participação efetiva do pesquisador
interagindo diretamente com os envolvidos na pesquisa, evidenciando mais o processo
educacional e não somente o resultado final da pesquisa (OLIVEIRA, 2007). Para tanto,
aplicamos uma experiência de leitura seguindo a sequência básica proposta por Cosson
(2012), em um período de 10 aulas. Os resultados foram sistematizados em quadros
comparativos e analisados sob a ótica das abordagens qualitativas, uma vez que nos
concentramos em compreender alguns aspectos sobre os textos comumente
trabalhados e a recepção de leitura do gênero literário ora utilizado (o cordel),
associados à dinâmica da proposta de sequência básica para acentuar a formação
leitora na escola. Essa experiência deixou claro o envolvimento dos alunos na prática da
leitura, demonstrado pela recepção e interação com os textos, sobretudo, com os
folhetos, que possibilitaram maior compreensão da história contada e identificação de
si, uma vez que a linguagem propiciou maior aproximação entre leitor e texto.
Percebemos, ainda, que a utilização de algumas práticas metodológicas e estratégias
se tornaram instrumentos de compreensão do texto, pois foram repensadas e propostas
de maneira mais dinâmica e lúdica, com vistas a deixar que o aluno imprimisse ali seu
posicionamento acerca do lido. Nesse sentido, o prazer da leitura se fez notório no
semblante e nas palavras de cada colaborador através das discussões e das atividades
escritas sugeridas. Para nortear e fundamentar nossas ponderações, contamos com as
contribuições reflexivas dentre outros autores, Marinho e Pinheiro (2012), que fazem
abordagens em torno do cordel na sala de aula; Maria Ignez Novais Ayala (2003), Márcia
Abreu (2004), que discorrem sobre a cultura popular e a literatura de cordel; Caldin
(2002), Cosson (2012), Lajolo (1985), Candido (1995), que aludem sobre leitura e leitura
literária; Robert Stam (2006) que disserta sobre o processo de adaptação; Adorno (2003)
e Cohen (1974) sobre a construção poética e sobre a estética da recepção, nos
apoiamos em Jauss (1994) e Iser (1999)