A fisiopatologia da fibromialgia (SFM) ainda é controversa, mas há evidência de marcante aumento do estresse oxidativo resultando em desbalanço entre fatores oxidantes e antioxidantes, a favor de acentuada produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ERONs) e lise celular. O exercício físico tem sido considerado como estratégia terapêutica não farmacológica. Já foram identificados seus possíveis efeitos na modulação da produção de ERONs. Estudos sugerem sessões de estímulo de vibração de corpo inteiro (VCI) como alternativa de exercício físico para mulheres com SFM visto que poderia aumentar a adesão por ser de baixa intensidade e de curta duração. Há evidência a favor da efetividade do treinamento com estímulo de VCI em parâmetros clínico-funcionais e na qualidade de vida desta população. Entretanto, até onde se sabe, o efeito agudo de uma única sessão de VCI em parâmetros do status redox em mulheres com SFM ainda não foi investigado. Objetivo: Investigar efeitos e interações do estímulo de VCI no status redox em grupo de mulheres com SFM e em grupo de referência (CT) constituído por mulheres assintomáticas pareadas por idade, gênero e características antropométricas. Metodologia: Trata-se de ensaio clínico prospectivo, caso-controle, pareado 1:1. Antes e imediatamente após uma sessão de VCI, avaliou-se a percepção subjetiva do esforço (PSE) por meio da escala de Borg e foram realizadas coletas de sangue periférico para analisar os efeitos intra e intergrupos e interações (grupos e momentos) do estímulo de VCI nas concentrações de espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), da capacidade de redução férrica plasmática (FRAP), bem como da atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT). O protocolo experimental consistiu na permanência durante 30 minutos em repouso seguido da realização de sessão de estímulo de VCI sinusoidal vertical (frequência 40 Hz e amplitude 4 mm) em 8 séries de 40 segundos com 40 segundos de repouso entre as séries. Resultados: Em repouso, o grupo SFM apresentou maiores concentrações plasmáticas de TBARS (p < 0,001) e FRAP (p < 0,001) e menores concentrações plasmáticas de CAT (p = 0,005) comparado com o grupo CT. Não houve diferença entre os grupos quanto às concentrações plasmáticas de SOD (p = 0,164) em repouso. No grupo CT, a sessão aguda de VCI não promoveu efeito nas concentrações plasmáticas de TBARS (p = 0,559) e FRAP (P = 0,926), ao passo que o estímulo aumentou significativamente as concentrações plasmáticas de ambas enzimas antioxidantes SOD (p < 0,001) e CAT (p < 0,001). No
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grupo SFM a sessão aguda de VCI promoveu redução nas concentrações plasmáticas de TBARS (p <0,001), FRAP (p < 0,001) e CAT (p = 0,005), ao passo que aumentou a concentração plasmática de SOD (p = 0,019) em mulheres com SFM. Houve efeito interação (momentos vs grupos) nas concentrações plasmáticas de TBARS, FRAP, CAT e SOD (p < 0,001). Com relação à PSE, houve diferença entre os grupos em repouso (p < 0,0001). O estímulo de VCI aumentou significativamente a PSE no grupo SFM (p < 0,0001), ao passo que no grupo controle permaneceu inalterada (p = 0,091). Apesar do estímulo de VCI ter aumentado a PSE intragrupo SFM, foi classificado como de intensidade leve. Conclusão: Os achados deste estudo reforçam achados prévios do nosso grupo que classificam a intensidade do estímulo de VCI como de baixa intensidade para mulheres com SFM. Além disso, evidenciam que a magnitude do estímulo foi suficiente para causar efeito positivo no dano celular e na defesa antioxidante em direção a uma maior adaptação à resposta ao estresse em parâmetros do status redox nesta população.