A presente pesquisa trata de um trabalho de Dissertação de Mestrado desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). O estudo investiga as contribuições trazidas pela abordagem Educativa High/Scope para crianças e estudantes estagiárias, a partir da análise de monografias produzidas por estudantes em nível de pós-graduação lato sensu, do curso de Especialização em Educação Infantil da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), no período de 1999 a 2004, cujos projetos de intervenção foram desenvolvidos segundo os pressupostos da referida abordagem. A abordagem Educativa High/Scope é uma proposta americana de currículo para a educação infantil e séries iniciais desenvolvida na década de 1960, por David Weikart e colaboradores. Para a realização dessa pesquisa, consideramos, em especial, o currículo centrado na criança, na perspectiva defendida na abordagem High/Scope e a formação profissional em contexto de estágio supervisionado, o qual, segundo Ostetto (2008, 2012), insere os estudantes no processo de “tornar-se professor”. Dentro desse contexto, por meio da análise das monografias O espaço e a construção da autonomia na infância e Professora, aconteceu uma coisa com você: a conquista da autonomia da criança em um espaço inovador, buscamos identificar as contribuições do processo de implementação da abordagem High/Scope para as crianças e para o desenvolvimento profissional das estudantes estagiárias envolvidas neste processo, sobretudo, no que diz respeito aos elementos do currículo da referida abordagem: sequência planejar-fazer-rever (P-F-R), organização do espaço e interação adulto-criança. A pesquisa se enquadra em uma abordagem de caráter qualitativo, com enfoque descritivo. As escolhas dos documentos foram pautadas nas propostas de análise documental de Cellard (2012). Por sua vez, as análises indicam que a implementação das dimensões-chave da abordagem High/Scope, centradas nos elementos do seu currículo, possibilitaram às crianças a compreensão da organização temporal, o desenvolvimento da linguagem, a organização das ideias para as brincadeiras, a expressão de seus interesses, escolhas, decisões, a autoconfiança, autonomia e a concentração na brincadeira. Com relação às estudantes estagiárias, os dados apontam para uma quebra dos padrões dominantes da cultura escolar adultocêntrica, possibilitando-lhes o desenvolvimento de reflexões na direção de um novo olhar observador e uma postura apoiante para as ações das crianças.