Este trabalho pretende sustentar a identidade entre Ser e Linguagem no pensamento de Heidegger. A legitimação desta tese implica em uma reflexão acerca da dimensão ontológica – essencial – da linguagem. No entanto, esta dimensão concerne àquilo que não pode ser dito ou, dizendo de outro modo, a essência da linguagem diz respeito àquilo que sempre se vela – se silencia – em todo dizer! Em função disto, mais do que um texto que trate, objetivamente, sobre determinado assunto, esta tese caracteriza-se como um esforço para se descrever uma experiência com a linguagem. Necessário será, também, que o trabalho coloque no vórtice da reflexão o ente detentor da linguagem, ou, dizendo de forma mais precisa, o ente requisitado pela linguagem para ser o porta-voz de todo dizer possível: o homem. O texto girará em torno das palavras-chave Ser – homem – linguagem – velamento. Essas palavras concernem à textura ontológica da abertura a partir de onde acontece o desvelamento de tudo o que “é”. Será também ressaltado que tudo o que “é” surge sempre provocando o homem e este, acordado por esta provocação, atende aquilo que, nela, requisita. Na provocação o homem é requisitado pelo ser de todo ente possível que requer desvelar-se, fazendo-se visível. Atender a esta provocação diz: acolhê-lo, batizando-o ou nomeando-o segundo um sentido enviado – destinado – desde o acontecimento-apropriativo. O esclarecimento desta questão evidenciará que a nossa época corresponde a um projeto de realidade enviado desde a Gestell – composição – que, em função do sustento de tal projeto, recomenda a prevalência de uma linguagem instrumental. Justamente por isto nossa época caracteriza-se pelo esquecimento da essência da linguagem que, por sua vez, coincide com o esquecimento do ser. A possibilidade de um retorno à esta dimensão essencial implica em um resgate de uma linguagem gentil e silenciosa o suficiente para abrigar o vigor de poiesis que, desde si mesmo, conduz e eleva, ao aparecimento, o ser de todo ente possível.