O melanoma metastático, embora seja o menos prevalente dentre os tipos de câncer de pele, é o mais letal por ser extremamente resistente aos tratamentos atualmente disponíveis, tornando a busca por novas abordagens terapêuticas urgentemente necessárias. Embora a exposição à radiação UV represente a principal causa da melanomagênese, estudos recentes evidenciam também a presença de várias mutações genéticas, como BRAFV600E, presente em aproximadamente 70% dos melanomas, e que promove a ativação constitutiva da via RAS-RAF-MAPK, levando à proliferação celular descontrolada. Esta mutação também está relacionada à inativação de vias de morte celular, desregulação de autofagia, indução de estresse de retículo e favorecimento do metabolismo glicolítico. que coletivamente resultam em resistência a qualquer tratamento. Recentemente foi demonstrado que alterações na dieta podem influenciar tanto o desenvolvimento como o tratamento de diversos tipos de câncer. Um dos protocolos em estudo consiste em ciclos de restrição severa de nutrientes associados a agentes antitumorais. Entretanto, os mecanismos moleculares responsáveis pelos efeitos quimiossensibilizantes ainda não foram completamente elucidados. Baseado nessas premissas, o objetivo geral deste trabalho foi estudar os efeitos da privação nutricional em combinação com terapias antitumorais para o tratamento do melanoma metastático. Para tanto, linhagens de melanoma humano BRAFWT e BRAFV600E e melanoma murino foram submetidas à avaliação quali-quantitativa de morte celular após privação nutricional e/ou tratamento com cisplatina ou sorafenibe. Observou-se que, independetemente do status mutacional de BRAF, a privação nutricional sensibilizou as linhagens de melanoma aos tratamentos antitumorais. A morte celular foi predominantemente apoptótica, com determinante participação da mitocôndria no processo de morte celular. Além disso, o bloqueio da glicólise potencializou os efeitos da privação nutricional associada tanto à cisplatina como ao sorafenibe. Adicionalmente, a privação nutricional e os tratamentos antitumorais, isoladamente, induziram autofagia. No entanto, quando associada privação nutricional e sorafenibe, houve bloqueio dos estágios finais do processo autofágico, que assim como o cotratamento com cloroquina, sensibilizou as linhagens de melanoma à morte celular. Já a análise in vivo demonstrou que o uso de intermittent fasting foi seguro e efetivo em reduzir o crescimento tumoral quando associado ao tratamento com sorafenibe. Além disso, foi observada indução de autofagia nos tecidos tumoral e hepático após intermittent fasting e sorafenibe, mas não na sua associação. Coletivamente, nossos resultados indicam que a privação nutricional em associação a agentes antitumorais pode representar uma nova abordagem terapêutica no tratamento do melanoma metastático tanto BRAFWT como BRAFV600E.