O declínio de hormônios sexuais femininos que ocorre na menopausa está
associado ao aumento da adiposidade central que contribui para inflamação
sistêmica e estresse oxidativo. A canela por ser uma especiaria bastante
conhecida de melhorar a sensibilidade à insulina, composição corporal, ação
anti-inflamatória e antioxidante, além de estimular a secreção de progesterona,
pode representar um potencial coadjuvante para o tratamento de mulheres com
sobrepeso ou obesidade na pós-menopausa. Nesse contexto, o presente estudo
avaliou o impacto da suplementação com canela sobre parâmetros
antropométricos, endócrinos e balanço oxidativo em mulheres na pós-
menopausa com sobrepeso ou obesidade. Para tal, foi realizado um estudo
longitudinal randomizado, duplo-cego e controlado, em mulheres com idade
entre 45 e 59 anos, na pós-menopausa. As voluntárias foram suplementadas
diariamente com cápsulas contendo 2 gramas de canela (Cinnamomum verum;
n=15) ou celulose (n=15), durante 8 semanas. Antes e após a intervenção, foram
realizadas a avaliação do estado nutricional, composição corporal, bem como a
glicemia de jejum, concentração serica de progesterona e marcadores do
balanço oxidativo [glutationa peroxidase (GPx), tióis totais e proteínas
carboniladas] no soro. O nível de significância adotado para todos os testes foi
de 5%. Obteve-se uma amostra de 30 mulheres com idade média de 53 anos ±
3 anos. As características da linha de base não diferiram entre os dois grupos e
o perfil alimentar dos grupos não foi alterado pela intervenção. Após o período
de intervenção, o grupo placebo apresentou aumento significativo de peso
corporal (p= 0,001) e consequentemente de IMC (p= 0,001), o que não foi
observado no grupo canela. Não houve diferença significativa no % de gordura
total, % de massa livre de gordura e na massa livre de gordura absoluta,
avaliados por pletismografia. No entanto, observamos um aumento significativo
na massa gorda absoluta nos grupos placebo (p=0,008) e canela (p=0,047).
Após a suplementação não houve diferença significativa na glicemia de jejum,
atividade da glutationa peroxidase, concentração de tióis totais e proteínas
carboniladas. No entanto, o grupo placebo apresentou uma redução significativa
nas concentrações séricas de progesterona (p= 0,0126) e ao comparamos os
deltas, encontramos um aumento significativo (p=0,0087) no grupo canela em
relação ao placebo. Além disso, as variações nas concentrações séricas de
progesterona não se correlacionaram com a atividade da GPx, concentração de
tióis totais e proteínas carboniladas mensuradas ao final da intervenção em
nenhum dos dois grupos. Podemos concluir que alguns desfechos desfavoráveis
da menopausa podem ser amenizados pelo consumo diária de canela, como o
ganho de peso corporal e a queda progressiva da progesterona. No entanto, com
nossos dados atuais não é possível afirmar que a especiaria seja uma alternativa
terapêutica complementar eficaz para o uso na menopausa, e apesar de não
causar nenhum malefício às voluntárias, os efeitos observados foram brandos e
restritos a alguns parâmetros.