Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre como as formas de captura da subjetividade do trabalhador são aprofundadas em tempos de acumulação flexível do capitalismo. Tendo como cenário tempo-espacial uma empresa específica, multinacional brasileira do setor de petróleo, a investigação, baseada nos dias atuais, é fundamentada nos pressupostos do materialismo-histórico-dialético, com os quais se pode compreender a história a partir da dinâmica das relações de produção que os homens estabelecem entre si; condição pela qual se materializa o modo de se produzir a vida. A partir destas relações é que são estruturadas as práticas da vida social nas quais são engendradas as formas sociais da consciência. Logo, a subjetividade deve ser compreendida como elemento que constitui a atividade humana e é por ela, também, constituída, tendo o econômico como base. O objetivo central deste trabalho é contribuir para a compreensão dos aparatos ideológicos engendrados pelo capitalismo na atualidade, a partir da investigação sobre o desenvolvimento das forças produtivas e sobre as relações sociais constituídas no processo de produção no contexto de criação e expansão da empresa investigada, considerando a mesma como materialização das correlações de força entre capital e trabalho. A história desta empresa, desde sua fundação em 1953, é marcada por reconfigurações determinadas pelos interesses das mais diversas frações burguesas através dos tempos, o que, obviamente, reproduziu-se na constituição de seus trabalhadores enquanto classe. A hipótese central da pesquisa é que a subjetividade, produzida a partir das novas formas de acumulação flexível do capitalismo, trouxe a exigência de um trabalhador de novo tipo: adaptável às mudanças, preparado para resolução de problemas, altamente especializado, em constante desenvolvimento, tendo o aprofundamento do individualismo e da competitividade como formas de manifestação da subjetividade. Através da investigação empírica, alinhada à teoria marxista, a subjetividade do trabalhador daquela empresa acaba por evidenciar, implícita ou explicitamente, os novos e aviltantes métodos de exploração da força de trabalho impostos pelas exigências da flexibilidade.