A experiência histórica mostrou que maiores reduções na pobreza aconteceram em países que
vivenciaram longos períodos de crescimento econômico sustentado, reforçando a ideia de que
este seria bom para os pobres; melhor ainda se o crescimento for acompanhado por uma
mudança distribucional progressiva. Nesse intuito, a teoria do crescimento pró-pobre recebeu
‘nova’ atenção, constatando que, aumentos dos níveis de renda aliviam a pobreza, embora o
crescimento econômico possa ser mais ou menos eficaz em fazê-lo, dependendo das
condições de cada localidade, dessa forma, alguns países, sobretudo os PMDs que estão
‘presos’ a dificuldades estruturais, apresentam uma situação que se convencionou de
‘armadilha da pobreza’, definido como mecanismo de auto-reforço, fundamentado na
existência de ciclos viciosos, levando à incidência persistente da pobreza e de baixas taxas de
crescimento sustentado entre gerações. Além disso, difundiu-se, a tese acerca da relação
causal entre a condição de pobreza e a degradação ambiental, em que uma maior pressão sob
a base de recursos naturais se traduziria no reforço da armadilha da pobreza. Neste contexto, a
Amazônia Legal tem reproduzido uma conjuntura peculiar, pois nesta região, a população dos
estados mantém níveis de pobreza muito elevados e baixa qualidade de vida, caracterizado
por uma estabilidade temporal, que não reflete as várias transformações pela qual vem
passando a economia da região, ao longo das últimas décadas. Existe crescimento, oriundo da
exploração da abundância de seus recursos naturais, em meio a uma pobreza crônica e a
revelia das diversas tentativas, direcionadas pelo Estado de promover o desenvolvimento da
região. Desse modo, analisando o período compreendido entre os anos de 1992 à 2014, com
base nos dados das PNADs, aplicou-se um modelo de regressão dinâmica para a pobreza e;
modelos de causalidades bivariadas. Os resultados sugeriram que, a desigualdade tem
minimizado a efetividade do crescimento econômico em reduzir a pobreza, provocando, dessa
forma, um crescimento caracterizado como não pró-pobre; além disso, evidenciou-se a
persistência da condição de pobreza dado comportamento auto-regressivo, podendo
considerar a existência de uma espécie de armadilha. Ademais, comprovou-se causalidade
bidirecional da pobreza em relação ao crescimento, à desigualdade e ao desmatamento, como
também deste último para com o crescimento e à desigualdade, assim como, causalidade
unidirecional da desigualdade para o crescimento. Destarte, a dinâmica examinada revela que
a variação positiva do crescimento estaria associada à expansão do desmatamento no período
anterior, gerando crescimento da renda no presente e por sua vez, reduz a pobreza e a
desigualdade, expandindo mais ainda o desmatamento no período posterior, ampliando o
nível de pobreza e desigualdade de renda, provocado pelo crescimento da renda, sinalizando
uma espécie de ciclo vicioso ampliado, na qual a expansão do desmatamento nos períodos
passados, provocam a elevação do nível de renda e a diminuição da pobreza e da desigualdade
no presente, e estes, por sua vez, provocam ‘estagnação temporária do desmatamento por um
período, voltando todos a expandir-se no período posterior, aumentando mais ainda o nível de
desmatamento, sob a forma de reforço da armadilha da pobreza.