Objetivo: Descrever e avaliar as ações direcionadas a prevenção da transmissão vertical do HIV e da morbimortalidade da sífilis congênita. Método: Estudo de coorte retrospectivo, realizado nas maternidades de dois hospitais da cidade de Montes Claros, MG. A população foi composta pelo universo de mulheres com diagnóstico de sífilis e infecção pelo HIV na gestação, parto ou puerpério, atendidas para a resolução do parto nas referidas maternidades, nos anos de 2014 a 2017 e pelos seus respectivos recém-nascidos. As variáveis de interesse foram coletadas principalmente dos prontuários clínicos e digitadas em banco criado no programa Epidata versão 3.0 e, posteriormente transferido para o programa SPSS versão 20.0, onde foi realizada análise descritiva, (dados referentes aos casos de HIV) e descritiva e inferencial (dados referentes aos casos de sífilis). Resultados: Foram incluídas no estudo 250 parturientes/puérperas com diagnóstico de sífilis e 46, com diagnóstico de HIV, além de 233 nascidos-vivos expostos à sífilis e 46, expostos à infecção pelo HIV. O coeficiente de detecção de HIV e sífilis em gestantes encontrado no período foi de 1,9 casos/1000 e 10,4/1000 nascidos vivos, respectivamente. Já a taxa de incidência de sífilis congênita foi de 11,9/1000 nascidos vivos. A avaliação da assistência hospitalar prestada pelas duas maternidades investigadas permitiu verificar que o manejo da sífilis foi inadequado em 54,0% dos casos em parturientes/puérperas e 74,2% em recém-nascidos, sendo, a falta de encaminhamento para término de tratamento e ou controle de cura a nível ambulatorial (65,2%), para a mulher, e a não notificação do caso, para o recém-nascido, os principais motivos para inadequação do manejo. Apresentaram associação significativa com o manejo materno as variáveis: caso de sífilis notificado na gestação (p=0,033); desfecho da gestação (p=0,036), titulação do VDRL da parturiente/puérpera (p< 0,001), número de abortos anteriores (p=0,006), tratamento do parceiro prescrito na maternidade (p <0,001) e período de ocorrência do parto (p< 0,001). Para o manejo do RN, as seguintes variáveis independentes se associaram ao desfecho: realização de RX de ossos longos (p= 0,001), Critério de definição de sífilis congênita (p= 0,006), notificação do caso (p< 0,001) e o período de ocorrência do nascimento (p < 0,001). Quanto à prevenção da transmissão vertical do HIV, o manejo foi considerado inadequado em 30 casos de parturientes/puérperas (65,2 %) e em 14 casos de RN (30,4%). Os principais motivos identificados para a inadequação do manejo das mulheres foram: não realização da inibição farmacológica da lactação (53,3%) e falta do consentimento da mulher para realização do exame anti- HIV (46,6%). Já para o manejo dos recém-nascidos, destacaram-se o início tardio da solução oral de Zidovudina (50,0%) e a não prescrição da Nevirapina, quando havia indicação para tal (28,6%). Conclusão: Tais resultados indicam o não seguimento pelos profissionais da assistência hospitalar de todas as recomendações do Ministério da Saúde e demostram a necessidade de investimentos, principalmente na capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde envolvidos na assistência.