A arquitetura contemporânea se apresenta como um campo multidisciplinar que
demanda o cruzamento de informações, exigindo do arquiteto o domínio de outras
áreas de conhecimento. Os processos de projeto passam a ser influenciados pela
tecnologia computacional e pela fabricação digital. A evolução nas pesquisas em
arquitetura digital desde o final do último século, permitiu que os padrões dos
processos de projetos digitais fossem mapeados e categorizados. Esse avanço,
embasado no desenvolvimento da arquitetura paramétrica, nos sistemas generativos
e na arquitetura evolucionária, possibilitou que os projetos arquitetônicos fossem
desenvolvidos com propósitos mais bem definidos do que na primeira era da
arquitetura digital. Similar progresso é observado no potencial dos métodos de
fabricação digital, onde o mapeamento e a catalogação de estratégias os consolidam
como um prolongamento das possibilidades de construção do edifício. No entanto,
pouco foi investigado sobre o recente impacto da impressora 3D, como novo método
de materialização da arquitetura, ainda menos foi analisado se o uso de impressoras
está relacionado aos processos de projeto citados, ou se há o surgimento de novas
metodologias visando o seu uso. Esta dissertação de mestrado em arquitetura e
urbanismo tem como objetivo realizar uma discussão teórica a respeito dos processos
de arquitetura baseados no encontro da forma, por meio de tecnologias
computacionais, bem como em suas integrações com métodos de impressão 3D. A
metodologia consiste em uma revisão bibliográfica dos conceitos e autores
apresentados pela autora Rivka Oxman sobre o tema da arquitetura digital, assim
como uma análise crítica dos 10 princípios da impressão 3D estabelecidos por Lipson
e Kurman. O estudo dos casos da recente adoção da impressora 3D por arquitetos é
visto sob a ótica das teorias da arquitetura digital e dos princípios classificados por
Lipson e Kurman. Os recentes usos indicam que o processo de projeto por sistema
generativo pode oferecer estímulo ao uso da impressora 3D. No entanto, a tecnologia
de impressão ainda é imatura para oferecer os benefícios propostos em seus
princípios e, finalmente, produzir uma materialidade com potencial de benefício real
para o usuário do edifício. A sua utilização por arquitetos necessita de maior
conhecimento sobre a tecnologia do que frequentemente é divulgado, associando-a a
um procedimento de automatismo e facilidade irreal. O potencial da fabricação digital
progride com associação entre os métodos subtrativos, formativos e aditivos, e este
último não deve substituir os primeiros. O potencial da impressão 3D na arquitetura é
amplificado pelo uso de braços robóticos. Finalmente, considera-se importante o
desenvolvimento de um processo de projeto específico para a impressão 3D, havendo
a necessidade de maior integração entre disciplinas de projeto, engenharia, ciências
dos materiais, mecatrônica e seus campos correlatos. Buscou-se contribuir com a
implementação de um panorama que guie o arquiteto em um processo de projeto,
onde a impressão 3D diminua a lacuna entre a discussão acadêmica dos conceitos
teóricos do parametricismo, morfogênese e arquitetura evolucionária, favorecendo as
aplicações efetivas desses conceitos na produção arquitetônica contemporânea.