O presente
trabalho teve como objetivo principal a obtenção de novos compostos de Ru(II)
com ligantes diimínicos, fosfínicos e isocianida de p-toluenosulfonilmetila,
caracterizá-los por diversas técnicas físicas e espectroscópicas, estudar a interação
com as biomoléculas DNA e albumina de soro humano (HSA), além de suas
propriedades citotóxicas. Desta forma, reportamos a síntese de quatorze novos
compostos e a caracterização por análise elementar, voltametria cíclica,
condutância molar, espectroscopia na região do ultravioleta (UV-vis),
espectroscopia vibracional na região do infravermelho (FT-IR), ressonância
magnética nuclear (31P{
1H},
1H, 13C{1H}, DEPT-135, COSY, HMBC e HSQC) e
difração de raios-X, quando possível a obtenção de monocristal. Para os
complexos contendo apenas ligantes diimínicos e fosfínicos foram observados
importantes efeitos eletrônicos e estéricos provocados por interações -stacking.
Tal efeito propiciou um comportamento diferenciado nos hidrogênios dos grupos
fenilas fosfínicos nos experimentos de RMN, o qual também foi possível observar
por cristalografia de raios-X e por cálculos de DFT. Os estudos de interação dos
complexos com o DNA por medidas de viscosidade indicam que os compostos
interagem fracamente com esta biomolécula. Foram selecionados dois compostos
com ligante diiminico, fosfínico e o ligante Isocianida de p-toluenosulfonilmetila
para estudos de interação com DNA por eletroferese em gel e ensaio de
competitividade com Hoescht 33258, onde os resultados indicam que os
compostos interagem eletrostaticamente e/ou pelo sulco menor do DNA. Os
estudos de interação com HSA, realizados por titulações fluorimétricas, mostram
que os compostos apresentam constantes de interação (Kb) na ordem de
104
-106
, indicando interação moderada a forte com esta proteína, e o mecanismo
de interação é estático. Os dados de citotoxicidade nas linhagens humanas
tumorais A549 (pulmão) e DU-157 (próstata) e não tumoral MCR-5 (pulmão),
mostram que os compostos que apresenta, o ligante Isocianida de
p-toluenosulfonilmetila são os mais promissores, mostrando-se até 140 vezes
mais ativos que o fármaco de referência e até 3 vezes mais seletivos.