Os cães atualmente são um dos mais importantes animais de estimação no mundo, tendo relevância como animais de companhia, guarda, pesquisa e reprodução, dentre outras. Com isso, aumenta a demanda por novos estudos sobre a espécie, principalmente no que diz respeito às doenças uterinas, comuns nos animais e importantes por causarem infertilidade, aborto, trabalho de parto prematuro e doença clínica. As doenças uterinas mais frequentemente encontradas em fêmeas não gestantes são a piometra e a hiperplasia endometrial cística, portanto objetivou-se no primeiro artigo, determinar a casuística das enfermidades reprodutivas de cadelas atendidas no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, durante seis anos de avaliação (2012-2017), a fim de identificar quais enfermidades são mais frequentes. Para tanto, foram consultadas informações sobre espécie, idade, raça e sexo de 32.944 animais. Destes, 16.480 eram fêmeas caninas e 1.185 foram diagnosticadas com alterações no sistema reprodutivo. Os animais foram divididos de acordo com a idade em quatro grupos (filhotes, adultos jovens, adultos e idosos); e com as enfermidades do sistema reprodutivo (Grupo 1 – alterações de vagina e vulva; Grupo 2 – alterações de ciclo estral, ovário e útero; Grupo 3 – alterações do período gestacional e parto). A taxa de alterações reprodutivas na população estudada foi de 7,2%, onde as médias de idades que apresentaram maior ocorrência de diagnósticos foram em cadelas adultas jovens (1 a 5 anos) com 47%. As patologias mais frequentes em fêmeas caninas foram a piometra (48,8%), distocias (13,6%) e Tumor Venéreo Transmissível (TVT) (12,6%). Os animais mestiços (SRD) foram os mais acometidos por distúrbios do sistema reprodutor, representando 60% do total de fêmeas diagnosticadas. Diante desses dados, o segundo artigo objetivou avaliar o efeito da inflamação sobre a produção das interleucinas 6 (IL6) e 12 (IL12) em culturas de endométrios caninos ex vivo desafiadas com LPS. Para o estudo, foram coletados úteros de 42 fêmeas caninas saudáveis submetidas a ovariosalpingohisterectomia (OSH) eletiva, de onde retirou-se explantes que foram submetidos a tratamento com controle, LPS, dexametasona, LPS + dexa, sendo então mensurados os valores de IL-6 e IL-12 pelo método de ELISA. Os explantes foram classificados histopatologicamente quanto ao tipo de inflamação em, sem inflamação, inflamação aguda, inflamação sub-aguda e inflamação crônica. Os resultados revelaram que o desafio com LPS não desencadeou síntese significativa de IL12 e principalmente de IL6 nas culturas de amostras de endométrios inflamados, indicando que cadelas com infiltrado inflamatório no endométrio podem apresentar comprometimento da resposta imune inata uterina.