O citomegalovírus (CMV) é um herpesvírus humano comum, na maioria das vezes assintomático na população imunocompetente. Na imunossupressão, como transplante, o CMV pode reativar e afetar no resultado, causando alterações no quadro clínico. O HLA é um importante sistema que participa da apresentação de antígenos e da ativação de células T, o que impõe importante barreira ao transplante. As igualdades entre o HLA orientam a compatibilidade entre doadores e receptores. Nos perguntamos se HLAs diferentes estariam associados à resistência ao CMV e escolhemos 10 proteínas imunogênicas do CMV relacionadas à resposta CD8 +. A sequência de proteínas foi retirada da base de dados UniProt e os peptídeos imunogênicos para MHC de calsse I foram previstos através da previsão de ligação de epítopos de células T do MHC, utilizando redes neurais artificiais para calcular o Ic50 previsto no website Immune Epitope Database contra 27 tipos de HLAs do tipo I. As afinidades dos peptídeos foram classificadas por Ic50 em alta (<50 nM), média (50-500 nM) e baixa (> 500 nM). A maioria dos peptídeos previstos (98,30%, variando de 82,3% a 99,7% para as 10 proteínas) foram de baixa afinidade, com pouca chance de interagir com os HLAs. Em média, 0,41 peptídeos mostram alta afinidade Ic50 no HLA. Quando classificado pelo número de peptídeos imunogênicos (Ic50 abaixo de 500 nM), UL48 (maior) foi o mais imunogênico seguido pelo UL55, UL29, UL32, UL28, Pp65 (mais estudado), UL122, UL123, US3, US32. Essas análises revelaram que alguns HLA são ótimos para apresentar epítopos de CMV, como A*02:03, A*02:06, A*31:01, A*68:01; enquanto outros são maus apresentadores como A*01:01, A*26:01, B*51:01, B*44:02. O HLA A *02:03 foi o melhor HLA para responder contra os péptidos do CMV que exibem níveis elevados de interação com todos os peptídeos da proteína, exceto o US32. Em contraste, os HLAs A*26:01, A*01:01, B*51:01 foram os piores HLAs a apresentar peptídeos de CMV, exibindo nenhuma ou pouca interação com péptidos previstos de todas as proteínas. No contexto clínico, conhecer a interação entre os HLAs e as proteínas do CMV, pode ajudar a inferir o risco de infecção viral no pós-transplante.