A presente pesquisa objetivou compreender as representações sociais do ensino de leitura que
estão imbricadas nas práticas pedagógicas dos/as professores/as de Língua Portuguesa na
Educação do Campo/Rural (Ensino Fundamental II – 6º ao 9º) de duas escolas localizadas no
território rural no município de Vitória da Conquista – BA. Tal interesse surge das
experiências e inquietações ao longo do exercício do magistério em escolas rurais,
compreendendo, desse modo, a necessidade de discutir acerca dessa temática nesse espaço,
haja vista o interesse desses estudos nesse campo do conhecimento nas últimas décadas.
Assim, tal objeto encontra aporte teórico metodológico para responder à mencionada
problemática, com base no quadro teórico interdisciplinar entre a Teoria das Representações
Sociais e na Linguística Aplicada, dialogando com elementos do campo da teoria
sociocultural, a partir dos estudos teóricos de autores como: Moscovici (1978, 2001, 2007),
Jodelet (2001, 2015), Vygostsky (2007), Bortoni-Ricardo (2005), Bardin (1977), Kleiman
(2008), Arroyo (2013), entre outros. A pesquisa está inserida no campo da abordagem
qualitativa, com viés etnográfico, compreendendo-se o debate acerca do campo educacional
(ensino de leitura) através do diálogo com os sujeitos da pesquisa e o processo de inserção no
campo da pesquisa. Para a geração/produção de dados utilizamos os seguintes procedimentos:
sessões de conversa e observação das aulas, a partir da categorização de quadros/fichas de
eixos temáticos, bem como do roteiro de observações das aulas. Para tratamento e análise dos
dados, pautamo-nos na Análise de Conteúdo, em Bardin, como técnica de análise dos dados
construídos na pesquisa. Os resultados da análise das duas etapas da pesquisa apontam que as
representações das docentes acerca do ensino de leitura nas práticas pedagógicas confluem
para dois polos sociais: o da decodificação e da formação da consciência crítica. Os resultados
também apresentam o estranhamento, a não familiarização do território ROÇA e,
consequentemente, do debate acerca da Educação do Campo, de modo que, embora
conscientes da necessidade de valorizar e valorar as peculiaridades dos/as alunos/as, as
professoras têm dificuldade de colocar em prática, de forma eficiente, tal perspectiva. Desse
modo, portanto, recaem nas velhas práticas urbanocêntrica. Esse detalhe do estranhamento
aponta caminhos para estudar e pesquisar a ROÇA enquanto categoria de análise dentro do
debate da Educação do Campo.