O cultivo de mexilhões, denominado mitilicultura, se consolidou fortemente como atividade econômica no litoral de Santa Catarina e vem tomando notoriedade. A demanda por sementes de mexilhão associadas à sustentabilidade ambiental convergiu para a metodologia de Assentamento Remoto de larvas de mexilhão. Este estudo objetivou analisar o uso desta técnica, pela perspectiva dos produtores, com uma abordagem técnica, cultural e social. Foram realizados 110 questionários estruturados, divididos entre os municípios de Palhoça, Governador Celso Ramos, Penha, Florianópolis e Bombinhas. Por meio de procedimentos estatísticos de porcentagem e Teste qui-quadrado, verificou-se que, a despeito da técnica de Assentamento Remoto de larvas de mexilhão ser continuamente pesquisada e, referenciada no âmbito acadêmico, constatou-se a baixa incidência de seu uso pelos produtores, que em 95,50% dos entrevistados não utilizam a técnica, entretanto 87% relataram conhecer a técnica. Através dos dados gerados foi possível definir o perfil dos mitilicultores entrevistados: 95,50% dos produtores são homens, 41% possuem o ensino fundamental incompleto e 52,70% estão acima de cinquenta anos de idade. Em relação aos impactos sociais e econômicos da mitilicultura, 62% dos entrevistados afirmaram não possuir a atividade como principal fonte de renda, comercializando seus produtos de forma mista e 80,90% dos produtores relataram alcançar uma produção anual superior a 10 toneladas de mexilhões. Tecnicamente, envolvendo suas experiências e conhecimentos, 84,50% dos produtores utilizam sistema de coletores artificiais para adquirir sementes de mexilhão e 84,50% possuem seus cultivos por sistema long line. 87,30% dizem conhecer a técnica de Assentamento Remoto e 77,30% dos entrevistados gostariam de participar de cursos sobre o desenvolvimento desta metodologia. Já em relação ao desenvolvimento local ou setorial, 52,70% dos entrevistados, não pertencem ao terceiro setor. Espera-se que as informações geradas por esta pesquisa possam servir como elementos para aprimorar a visão de parte de um segmento da cadeia produtiva da mitilicultura, possibilitando a compreensão da rede de relações entre diversos agentes produtivos, e assim tornar possíveis alternativas para transformar o estado de Santa Catarina em uma potência aquícola quando comparada ao cenário mundial.