FARIAS, Juliana Antunes. Estudo retrospectivo e prospectivo da fase de vida livre do Rhipicephalus (Boophilus) microplus e análise da percepção dos produtores rurais quanto ao controle do carrapato no Planalto Serrano do estado de Santa Catarina. 2018. 81 p. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Lages, 2018.
O carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um ectoparasito, hematófago e monóxeno, cujo hospedeiro preferencial é o bovino, sendo um dos grandes entraves para a produção pecuária devido aos prejuízos econômicos decorrentes do seu parasitismo. e pela transmissão de patógenos causadores de babesioses e anaplasmoses. O desenvolvimento do carrapato R. (B.) microplus no meio ambiente é dependente das variáveis climáticas, principalmente temperatura e umidade relativa do ar. As alterações climáticas ocorridas nas últimas três décadas provavelmente interferiram na fase de vida livre desse ectoparasito no Planalto Serrano de Santa Catarina (SC), tornando-se necessário rever esse estudo para estabelecer novas estratégias de controle. Foi também fundamental conhecer a percepção e as atitudes dos produtores rurais quanto ao controle R. (B.) microplus em bovinos de corte do Planalto Serrano, SC, objetivos esses da realização do presente trabalho, apresentados em dois experimentos: Experimento I: durante três anos, de março de 2015 a fevereiro de 2018 foi realizado o estudo sobre o ciclo de vida livre do carrapato R. (B.) microplus no município de Lages, SC. Os dados foram correlacionados com a temperatura média mensal e a umidade relativa do ar, através do uso do coeficiente de correlação momento-produto de Pearson e comparados com o estudo que foi realizado em março de 1979 a fevereiro de 1982. As principais diferenças encontradas, entre ambos os estudos, foi quanto à eclosão das larvas e a variável climática de temperatura média do município de Lages, SC. Nos anos de 1979 a 1982, os ovos provenientes de teleóginas expostas ao meio ambiente de abril a agosto foram inférteis durante os três anos. Verificou-se que, somente nos meses de janeiro e fevereiro ocorria uma concentração de eclosão das larvas. Entre 2015 a 2018, os ovos provenientes de teleóginas expostas ao meio ambiente durante os meses de maio e junho (2015); maio, junho e julho (2016) e junho e julho (2017) foram inférteis. Verificou-se que, nos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro ocorrem uma concentração de eclosão das larvas. Observou-se o aumento de 0,8°C da temperatura média e de 5,8% da umidade relativa do ar do município de Lages, SC, quando essas variáveis foram comparadas com os anos de 1979 a 1982. Experimento II: foram entrevistados através de questionário epidemiológico 377 produtores rurais de bovinos de corte do Planalto Serrano, SC. As variáveis consideradas mais relevantes foram analisadas através do teste Qui-quadrado (p≤0,01; p≤0,05). Os principais resultados evidenciaram que, 76,7% (289/377) e 77,7% (293/377) dos entrevistados, não tem conhecimento quanto ao ciclo evolutivo do carrapato, tanto da fase parasitária, quanto da fase de vida livre, respectivamente. Para o controle do carrapato, 45,9% (173/377) dos entrevistados, utilizam três princípios ativos distintos, no entanto 45,1% (170/377) via pour on e injetável. Foi relatada a presença de banheiros de imersão em 28 propriedades, porém 35,7% (10/28) estão ativados. Ocorreu associação (p<0,01) entre as variáveis, escolaridade e ambas as fases do ciclo evolutivo; estação e aumento da população de carrapatos na região estudada, principalmente. As análises foram conduzidas com o uso do software SAS®.