A β-alanina tem se tornado um suplemento nutricional bastante popular entre
atletas de diferentes modalidades esportivas. A razão para tal popularidade
deve-se ao grande número de evidências indicando que sua suplementação
pode aumentar as concentrações intramusculares de L-carnosina. Com a
interrupção da suplementação de β-alanina (BA), a degradação e eliminação da
carnosina prevalecem sobre sua síntese, ocorrendo assim o chamado washout.
O objetivo o presente trabalho foi avaliar a cinética de washout da carnosina
durante 16 semanas após a suplementação de BA, associando as mudanças no
conteúdo de carnosina muscular com o desempenho em exercício de alta
intensidade. Foram recrutados 15 homens fisicamente ativos, não vegetarianos,
a qual foram designados aleatoriamente em dois grupos, BA (n= 11) ou PL (n=
4). Cada participante recebeu a suplementação de BA ou PL (dextrose) em
tabletes de liberação prologada (NAI®, USA) na dose de 6,4/d durante 8
semanas em um desenho duplo-cego. Amostras do músculo vasto lateral foram
colhidas por meio de biópsia muscular, realizadas antes (S01) e após as 8
semanas (S02) de suplementação, bem como na 1ª (W01), 2ª (W02) 4ª (W03),
8ª (W04), 12ª (W05) e 16ª (W06) semanas após suplementação. Adicionalmente,
um teste de tolerância ao esforço de alta intensidade (110% da potência máxima)
foi aplicado no tempo S01 e S02, assim como nos tempos W03, W04, W05 e
W06 para determinar o Tempo até a Exaustão (TTE). Após 8 semanas de
suplementação, foi observada uma diferença significante do conteúdo de
carnosina muscular entre o grupo BA (40,76± 12,29 mmol/Kg) e o grupo PL
(18,74± 1,22 mmol/Kg; p= 0,0040). O delta médio absoluto observado do grupo
BA foi de 18,73± 5,80 mmol/Kg (+ 85%) e, o grupo PL - 0,15± 1,78 mmol/Kg (-
0,7%). Após W02 o grupo BA apresentava 17,35± 8,99 mmol/Kg de carnosina (~
79%; p= 0,4667) e após W03, o conteúdo médio verificado foi 12,43± 8,95
mmol/Kg (~ 56%) no grupo BA, (p= 0,0378). Após W04 o grupo BA apresentava
o delta médio de 6,9± 8,30 mmol/Kg (~ 38%; p <0,0001) e após W05, 2,91± 6,76
mmol/Kg (~ 13%; p <0,0001). Após W06, o conteúdo de carnosina retornou
próximo aos valores basais em 21,91± 7,99 mmol/Kg (p = 1,000). Após o período
de suplementação (S02), o TTE não apresentou diferença significante entre o
grupo BA, 150,95± 19,31 segundos, e o grupo PL, 153,78± 13,08 (p= 0,8184).
Foi possível observar uma forte correlação linear positiva (r= 0,8995) e
significante (p= 0,01492) entre o conteúdo de carnosina muscular e o
desempenho físico. Conclui-se que a carnosina é um dipeptídeo estável na
musculatura esquelética, podendo levar um tempo de 16 semanas ou mais para
retornar aos valores.