Introdução: Os slings de uretra média são o tratamento padrão-ouro atualmente para a
incontinência urinária de esforço feminina, porém não são isentos de complicações. Os
mini-slings são slings de incisão única vaginal, desenvolvidos para minimizar os riscos,
porém o uso para tal finalidade de tratamento ainda não está esclarecido. Objetivo:
Comparar a eficácia e a segurança do mini-sling e sling transobturatório para o tratamento
de mulheres com incontinência urinária de esforço após 36 meses de seguimento. Material
e Método: 130 mulheres com diagnóstico de incontinência urinária de esforço foram
randomizadas para o tratamento cirúrgico com mini-sling ou sling transobturatório entre
agosto de 2008 e dezembro de 2011. Avaliou-se as pacientes com 12 e 36 meses de pósoperatório
observando-se as queixas clínicas, teste de esforço à tosse, teste do absorvente
e questionários de qualidade de vida. Os objetivos primários foram cura objetiva definida
como teste de esforço à tosse e teste do absorvente negativo e cura subjetiva definida
como relato de satisfação e sem desejo de novo tratamento. Os objetivos secundários
compreendiam a avaliação dos questionários de qualidade de vida Incontinence Quality of
Life Questionnaire (IQOL) e Urogenital Distress Inventory Short Form (UDI-6), taxas de
complicações e de reoperação. Teste t-Student pareado, teste não paramétrico de Mann-
Whitney, teste do Qui-quadrado, teste Exato de Fisher, ANOVA e valor de p <0,05 como
significante foram usados para análise estatística. Resultados: Aos 36 meses de
seguimento pós-operatório 82 pacientes foram avaliadas (n: 41 em cada braço). A cura
objetiva foi maior para o grupo do sling transobturatório do que para o grupo do mini-sling
tanto pela análise per protocol (90,2% e 68,3%, respectivamente, p=0,027) quanto pela
análise de intention-to-treat considerando faltas como falhas (60,7% e 40,6%,
respectivamente, p=0,035), porém ambos os grupos foram semelhantes (93,4% e 81,2%,
respectivamente, p=0,066) na análise de intention-to-treat considerando faltas como
sucesso. A cura subjetiva foi semelhante entre os dois grupos (p>0,05 em todas as
análises). Ambos os grupos tiveram melhora importante nos escores do questionário de
qualidade de vida I-QOL, porém o grupo do sling transobturatório apresentou melhores
resultados em relação ao domínio de limitação de comportamento do IQOL (p=0,021), e
escores do UDI-6 scores (p=0,026). Novo procedimento cirúrgico de sling foi necessário
em 7 das 69 (10,1%) mulheres do grupo do mini-sling e 2 das 61 (3,3%) do grupo do sling
transobturatório (p=0,172) após três anos de seguimento por incontinência urinária de
esforço recorrente. Conclusão: Após três anos de seguimento pós-operatório de mulheres
com incontinência urinaria de esforço, o sling transobturatório foi associado a maior taxa
de cura objetiva do que o mini-sling, no entanto a taxa de cura subjetiva foi similar para
ambos os grupos.