O conhecimento dos trabalhadores de enfermagem e suas habilidades profissionais tornam-lhes
uma equipe com presença indispensável nas instituições de saúde. Entretanto, a literatura
destaca que recrutar e reter estes trabalhadores é atualmente um desafio para várias nações e,
neste contexto, a violência no trabalho e a capacidade para o trabalho são fatores investigados,
sobretudo no exterior. O objetivo geral foi analisar a violência no contexto laboral e suas
implicações na capacidade para o trabalho entre trabalhadores de enfermagem. Os objetivos
específicos foram: (i) caracterizar a amostra estudada, segundo perfil e aspectos do trabalho;
(ii) avaliar a ocorrência de violência no contexto laboral, a capacidade para o trabalho e aspectos
em torno das intenções de abandono entre trabalhadores de enfermagem; (iii) identificar
potenciais associações da violência com a capacidade para o trabalho; (iv) verificar potenciais
associações da violência e da capacidade para o trabalho com a intenção do trabalhador deixar
a instituição com a qual mantém vínculo formal de trabalho, a unidade e a profissão; e, (v)
realizar revisão integrativa da literatura com foco na gestão da violência no trabalho na
enfermagem para apoiar instituições na implementação de medidas contra este fenômeno. O
estudo transversal foi desenvolvido com 267 trabalhadores de enfermagem de sete unidades de
urgência e emergência, três instituições e dois estados do Brasil. Os trabalhadores responderam
questionários e os dados foram analisados empregando-se a estatística descritiva, testes
estatísticos, modelos de regressão linear generalizado e de Poisson e modelos esquemáticos. A
maioria era técnico/auxiliar (73%), mulher (79,8%) e com 30–39 anos de idade (38,9%; 21–
68). Mais da metade (61,6%) sofreu violência no trabalho (abuso verbal, assédio sexual e/ou
violência física) nos últimos 12 meses e 73,6% testemunharam ao menos uma vez. Dos
trabalhadores, 46,8% apresentaram boa capacidade para o trabalho. A intenção em deixar a
unidade e a profissão foi, em média, 2,9 e 2,2 respectivamente, assim como 80,2% possuíam
baixa intenção em deixar a instituição. Quem sofreu violência no trabalho estava menos
propenso a apresentar capacidade para o trabalho boa/ótima e mais propenso a ter maior
intenção em deixar a unidade e instituição, em relação aos que não sofreram. Aqueles que
sofreram dois tipos ou mais de violência no trabalho estavam mais propensos a apresentarem
maior intenção em deixar a profissão, comparado aos que não sofreram. O aumento da
capacidade para o trabalho diminuiu a probabilidade de apresentar maior intenção em deixar a
unidade e profissão. Finalmente, considerando os resultados do estudo com trabalhadores
desenvolveu-se uma revisão integrativa da literatura no CINAHL, MEDLINE e Proquest
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Central para avaliar a aplicabilidade da simulação como estratégia para apoiar estudantes e
trabalhadores de enfermagem a lidarem com a violência no trabalho. Concluiu-se, pelos testes
simples e modelos de regressão, que a violência no trabalho pode prejudicar a capacidade para
o trabalho e ambas podem levar à intenção em deixar a unidade, instituição e profissão. A
revisão indicou que a simulação pode ser útil para intervenção contra a violência, mas
evidências ainda precisam ser construídas.