Esta dissertação tem como foco a investigação dos espaços de sociabilidade da juventude em
Florianópolis nos anos 1980, e sua relação com uma cena de rock, colocando em questão aspectos
que unem identidade e musicalidade, e a compreensão da territorialidade da cidade através da
canção. Colocando o olhar sobre algumas dimensões das relações sociais no período aportado,
e partindo dos significados desses espaços para a cena de rock da cidade, dois pontos guiam o
trabalho: as diferentes identificações dos jovens urbanos de Florianópolis e a forma com que a
cidade pode ser enxergada através desse gênero musical. Dessa forma, a proposta é compreender
alguns estratos daquilo que podemos conceitualizar como cena musical, partindo de um cenário
e período específico, como uma série de espaços espalhados pela cidade e que traziam o rock,
como casas noturnas, palcos itinerantes e bares. Para isso, utilizo entrevistas, ancoradas pela
metodologia da História Oral, com sujeitos envolvidos nessa cena e com naturezas distintas:
frequentadores, músicos, proprietários, idealizadores, jornalistas, e outros tantos que, de alguma
forma, os vivenciaram. O foco se dá na investigação de como as memórias em torno desses
espaços são construídas, entendendo-as como um fenômeno do presente. Além disso, investigo
como são construídas as identificações dos jovens urbanos, sendo uma das principais categorias
de análise desse trabalho. A forma com que essa juventude experimentava a cidade e fazia
uso de seus espaços, colocando na rua os seus anseios e desejos, são meios para analisá-la. A
relação entre espaço, identidade e cena musical se torna fundamental, uma vez que elas não estão
desassociadas. Desta forma, tenho por preocupação o modo como os espaços adquirem sentido
para os sujeitos que os circundem, além de compreender que ambos se constituem nessa troca,
realizam mudanças em sua forma e trazem outros aspectos para sua formação.