Este trabalho é voltado ao estudo da toxoplasmose tanto no âmbito ambiental do protozoário
quanto em gestantes acometidas pela zoonose, na região noroeste do estado do Paraná. Assim,
o objetivo foi investigar a dispersão ambiental de oocistos de Toxoplasma gondii em vegetais
consumidos in natura, bem como avaliar comparativamente a resposta imune em diferentes
grupos de gestantes com toxoplasmose. Ao todo, foram analisadas 238 amostras de hortaliças,
coletadas em diferentes locais de produção e de pontos de comercialização. Os vegetais
selecionados foram alface, almeirão, rúcula e salsinha, de cultivo orgânico e convencional. De
cada amostra foram separados 50 g do vegetal. As amostras foram lavadas, e o líquido de
lavagem foi filtrado em membrana de éster de celulose (millipore ® ), o material retido na
membrana foi raspado e concentrado por centrifugação. Do rendimento obtido, foi extraído o
DNA e realizada a PCR para detectar a presença do DNA de Toxoplasma gondii, utilizando
os primers B1(B22–23) e Toxo4–5. A taxa de contaminação encontrada foi de 3,8%, sendo
0,8% com o primer Toxo4–5 e 2,9% com B22–B23. Os resultados foram positivos em 0,6%
(1/62) das amostras de alface lisa, 3,7% (4/106) de alface crespa, 5,0% (2/40) de almeirão,
14,3% (1/7) de rúcula e 20% (1/5) de salsinha. Estes dados mostram a contaminação por T.
gondii em hortaliças cruas diretamente de locais de produção e de comércio, tanto em
amostras de cultivo orgânico 4% (6/149) como convencional 3,4% (3/89). Este estudo mostra
a contaminação por DNA de T. gondii em vegetais crus cultivados de forma orgânica
convencional em diferentes locais, indicando que esses vegetais podem ser uma fonte de
infecção por T. gondii. Em outra abordagem do trabalho buscou avaliar o perfil das citocinas
IFN-γ, TNF-α, TGF-β e de óxido nítrico, em gestantes com toxoplasmose em fase aguda e
crônica e comparar com gestantes não infectadas. Foram investigadas amostras de soro de 67
gestantes, determinados por Elisa MEIA para pesquisa de IgG e IgM anti-T. gondii. Foram
classificadas: 17 em fase aguda (IgM e IgG reagentes, baixa avidez de IgG); oito gestantes em
fase crônica (IgM e IgG reagentes, alta avidez de IgG) e 42 gestantes não infectadas (IgM e
IgG não reagentes). Em sete gestantes de fase aguda foi realizada a amniocentese. As
citocinas foram determinadas no soro e no líquido amniótico, utilizando kit comercial ELISA.
A concentração de óxido nítrico (NO) foi estimada pela determinação de nitritos, utilizando se sobrenadantes do ensaio fagocítico, e reagente de Griess. Não houve diferença nos níveis
de IFN-γ e TGF-β entre o soro e líquido amniótico de gestantes em fase aguda (p> 0,05). No
entanto, os níveis de TNF-α foram diminuídos no líquido amniótico (p ≤ 0,05) quando
comparado com o soro, enquanto que a concentração de óxido nítrico foi maior no líquido
amniótico do que no soro (p ≤ 0,05). As mulheres grávidas cronicamente infectadas
apresentaram níveis mais baixos de INF-γ do que aqueles observados tanto na fase aguda da
toxoplasmose quanto nas gestantes não infectadas (p <0,05). Os níveis de TNF-α no sangue
periférico foram menos elevados nas mulheres grávidas com toxoplasmose aguda e crônica (p
≤ 0,05), em comparação com aqueles não infectados com T. gondii. Os níveis de TGF-β
foram maiores em gestantes em fase aguda quando comparadas com gestantes não infectadas
ou cronicamente infectadas (p ≤ 0,05). NO em sangue periférico das gestantes em fase aguda
ou crônica apresentaram níveis mais baixos do que aquelas não infectadas com T. gondii (p ≤
0,05). Não houve transmissão congênita, provavelmente devido o aumento de TGF-β no soro
de gestantes infectadas. É importante realizar estudos adicionais para melhor compreender o
perfil das citocinas em mulheres grávidas infectadas com T. gondii na América do Sul,
especialmente durante a fase aguda da infecção.