A produção de forragem no semiárido brasileiro traz desafios na confecção de
silagem devido à baixa disponibilidade de alimento ao longo do ano. A parte
aérea da batata-doce (Ipomoea batatas) pode tornar-se uma alternativa de
forragem a ser ensilada. Sendo assim, objetivou-se verificar o potencial de
ensilar a parte área emurchecida de acessos de batata-doce produzidos em
sistema agroecológico. Foram avaliados 10 acessos pertencentes ao Banco de
Germoplasma de Hortaliças (BGH) da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (UNIVASF). O experimento foi alocado com 10 tratamentos
(acessos) e três repetições em delineamento em blocos casualizados, com 10
plantas por parcela e avaliou-se a produção de massa verde (PMV). Para as
análises realizadas nas silagens, utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 10 tratamentos e quatro repetições e determinou-se a
densidade, perdas no processo fermentativo, perfil de ácidos orgânicos,
potencial hidrogeniônico, teor de carboidrato solúvel e composição
bromatológica. Os dados foram submetidos ao teste F da análise de variância e
as médias dos tratamentos foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de
significância. Para a PMV o acesso BGH-UNIVASF 17 foi superior aos demais,
produzindo 43,5 t.ha-1. A densidade, do acesso BGH-UNIVASF 8 (488,9 Kg MV
m -3) foi inferior aos outros acessos, tendo a menor compactação. As perdas
por efluentes, variaram de 0,8 a 7,6 kg MV m-3. As perdas na forma de gases e
perdas totais foram menores nos acessos BGH-UNIVASF 8 e 16 em relação
aos demais, tendo uma relação inversamente proporcional com a recuperação
de matéria seca. Quanto ao pH, apenas os acessos BGH-UNIVASF 12, 16 e 17
apresentaram-se dentro da faixa considerada ideal (3,8 e 4,2). O teor de
CHO`S sofreu uma redução de 466% quando relaciona-se os teores antes e
depois de ensilar. Os teores de ácido lático foram superiores nos acessos
BGH-UNIVASF 12, 15, 18 e 22 variando de 2,107 a 2,410% MS, já o teor de
ácido acético foi superior no acesso BGH-UNIVASF 15 com 3,835% MS.
Encontraram-se em baixas concentrações os ácidos propiônico e butírico com
os respectivos teores médios de 0,14 e 0,07% MS. Quanto ao etanol, todos os
acessos tiveram baixa produção com valor médio de 3,048%. Para o teor de
matéria seca, o acesso BGH-UNIVASF 16, foi superior aos demais, com
38,3%. Todos os acessos apresentaram valores satisfatórios para o teor de
proteína bruta (acima de 7%). Em relação à FDN, todos os acessos foram
abaixo de 60%. Quanto aos teores de FDA, todos os resultados obtidos foram
superiores a 40%. Para NDT, os acessos BGH-UNIVASF 8, 12, 15, 16 e 17
apresentaram os maiores valores variando de 46,9 a 48,8 % MS. Todos os
acessos apresentaram baixos valores de hemicelulose, variando de 0,6 a 4,6%.
Portanto, as análises mostraram que o acesso BGH-UNIVASF 12 tem potencial
para ser ensilado por apresentar resultados satisfatórios de (PMV) 25 t.ha-1,
teor de proteína 15,9%, teor de NDT de 48,8%, pH 4,26, baixa produção de
etanol 0,815 % MS e maior concentração de ácido lático 2,41% MS.