Introdução: As cirurgias mais realizadas para o prolapso apical de órgãos pélvicos (POP) são a colpopexia sacral abdominal (CSA), e a colpopexia sacroespinhal vaginal (CSV), que possui eficácia inferior, possivelmente pelo desvio do eixo vaginal. A utilização da ressonância magnética de pelve (RNM) tem crescido como meio de avaliar os POPs, porém seus resultados em comparação com exame físico e sintomatologia ainda são controversos. Objetivos: Comparar o eixo vaginal após: CSV com tela anterior, e CSA, e sua repercussão sobre os resultados anatômicos e de qualidade de vida. Comparar resultados na RNM, com sintomas e resultados do Pelvic Organ Prolapse Quantification system (POP-Q). Calcular o volume estimado do elevador do ânus (eLASV) e obter um valor de corte associado a chance de falha pelo POP-Q. Sujeitos e métodos: foram avaliadas 40 pacientes participantes de um estudo randomizado controlado comparando CSA versus CSV com tela anterior, com prolapso apical avançado, operadas entre 2014-2016. Todas foram submetidas a exame físico, responderam a questionários validados e RNM. A comparação estatística entre variáveis contínuas foi feita através do índice de correlação de Spearman, enquanto as comparações entre as médias das variáveis categóricas foram feitas utilizando-se os testes qui quadrado, exato de Fisher e Mantel-Haenszel. Os valores de eLASV foram comparados utilizando-se o teste exato de Fisher e construção de curva Roc. Resultados:40 mulheres foram incluídas, 20 de cada grupo. A idade média foi de 67,1 (±4,8) anos no grupo vaginal e 67,9 (±4,9) no grupo abdominal (p=0,75), com seguimento médio de 28,5 meses (±7,7) versus 27,4 (±7,93), respectivamente (p=0,67). Ambos os grupos apresentaram alteração das porções média e inferior do eixo vaginal em relação aos controles da literatura: 85,9º(±9,9) (p<0,001) para o grupo vaginal e 87,1º(±14,7) (p<0,001) para o grupo abdominal, sem diferenças entre os grupos (p=0,76), para o eixo médio; e 72,5º(±19,1) no grupo CSV (p<0,001) e 75,7º (±15,5) no grupo CSA (p<0,001), sem diferenças entre grupos (p=0,49), para o eixo inferior. Apenas no eixo inferior, 45% do total das mulheres apresentaram valores alterados na distribuição por percentis, que, contudo, não estiveram associados a diferenças na cura objetiva (p=0,83), subjetiva (p=0,66) ou nos escores de qualidade de vida em nossa amostra (ICIQ-OAB: p=0,75; ICIQ-VS: p=0,67; ICIQ-SF: p=0,67). A avaliação de prolapso pela RNM dinâmica mostrou mais falhas baseando-se em critérios de RNM (47,5%), do que no POP-Q (30%) ou falha subjetiva (15%). Houve correlação entre cura pela RNM e pelo POP-Q (p=0,007), porém não com a cura subjetiva (p=0,6). O corte do eLASV foi de 33,5 mm3, com especificidade de 89,2% (70.6-97.1), sensibilidade de 66,6% (35,4-88,7) e 83,5% de acurácia (66.4-92.1) para diagnóstico de falha cirúrgica. Conclusões: Ambas as cirurgias alteraram o eixo vaginal, porém sem repercussões sobre as medidas de POP-Q, cura subjetiva, ou qualidade de vida. As taxas gerais de cura foram iguais para ambas as técnicas cirúrgicas, tanto em critérios de POP-Q, RNM ou subjetivos. O eLASV maior ou igual a 33,5 mm3 esteve associado a falha cirúrgica.