Os estudos sobre a fertilização com níquel (Ni) em plantas cultivadas são notavelmente novos, embora os seus efeitos positivos venham sendo relatados desde o início dos anos 80. Esse elemento, emergente como um micronutriente, compõe as enzimas urease em plantas e hidrogenase em microrganismos. Nesse cenário, as plantas leguminosas, por sua associação simbiótica com bactérias diazotróficas, podem ser mais severamente afetadas pela deficiência de Ni em solos agrícolas. A soja, além de importante fonte de alimento, é uma leguminosa muito cultivada atualmente no cenário mundial. Assim, práticas que levem a uma produção mais eficiente e sustentável dessa espécie vegetal são visadas para garantir a segurança alimentar atual e futura. Para a confecção do primeiro artigo, associamos as evidências da deficiência de Ni presentes na literatura com os baixos teores naturais desse elemento no solo, o que é comumente encontrado em áreas agrícolas, para verificar uma possível ocorrência da deficiência de Ni em plantas de soja. Para tal, foram cultivados 17 genótipos de soja, comumente adotados pelos agricultores, com e sem o suprimento de Ni, em casa de vegetação e campo, para a avaliação da fisiologia, metabolismo e produção das plantas. Notamos que a fertilização com esse micronutriente maximizou grande parte dos pontos testados embora sem a ocorrência de sintomas foliares, demonstrando, dessa forma, que a deficiência de Ni em plantas de soja ocorre de forma oculta. Para a confecção do segundo artigo, partirmos da seleção genotípica realizada no primeiro estudo, permitindo-nos identificar os genótipos quanto a sua responsividade a fertilização com Ni. Ao genótipo mais responsivo, foram oferecidas seis doses desse micronutriente visando estabelecer as faixas de deficiência, desenvolvimento adequado e toxidez em plantas de soja. Como esperado, o genótipo avaliado demandou maiores concentrações de Ni para atingir seu máximo desenvolvimento, e curiosamente, as bactérias fixadoras de nitrogênio, associadas a esse, também. Para chegar a essa conclusão, avaliou-se tanto como o genótipo se desenvolvia em função das doses de Ni, bem como as concentrações desse micronutriente e seu efeito sobre a atividade dos nódulos radiculares. Com os trabalhos desenvolvidos, fornecemos não só formas de detectar a deficiência oculta de Ni que ocorre nos genótipos de soja cultivados, mas, também como contornar essa limitação pela oferta de doses de Ni adequadas para o máximo desenvolvimento dessas plantas.