Na doença renal crônica (DRC) há perda irreversível da função renal, indicando-se, nas fases mais avançadas da doença, terapias renais substitutivas, como a hemodiálise (HD). A desnutrição é um achado consistente nos pacientes em HD, sendo indicado diferentes indicadores nutricionais para avaliar o estado nutricional. Na ausência de um padrão-ouro, busca-se indicadores nutricionais apropriados e acessíveis para uso na prática clínica. Objetivos: Comparar a absorciometria por dupla emissão de raios X (DXA) com indicadores nutricionais isolados e compostos na avaliação do estado nutricional de pacientes adultos e idosos em HD. Métodos: Estudo transversal, realizado entre novembro de 2016 e abril de 2018, em duas clínicas de nefrologia localizadas na região da capital de Santa Catarina. Participaram do estudo pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, que realizavam HD duas ou três vezes na semana por um período mínimo de três meses. A avaliação nutricional foi realizada por indicadores nutricionais, utilizando apenas um parâmetro de medida, denominados isolados: índice de massa corporal (IMC), circunferência muscular do braço (CMB), gordura corporal (GC) e massa livre de gordura corporal (MLGC) por dobras cutâneas (DC) e impedância bioelétrica (BIA); e os indicadores nutricionais compostos, que avaliam mais de um parâmetro de medida: avaliação subjetiva global (ASG), escore de desnutrição-inflamação (malnutrition inflammation score - MIS) e rastreamento de risco nutricional 2002 (nutritional risk screening 2002 - NRS 2002). A DXA foi utilizada como indicador nutricional de referência para a avaliação do estado nutricional. Os teste Qui-quadrado, t de Student ou Mann-Whitney foram empregados nas análises bivariadas. O coeficiente kappa verificou a concordância dos indicadores em relação ao diagnóstico do estado nutricional e a correlação dos indicadores nutricionais foi avaliada por Pearson ou Spearman. O método de Bland-Altman Plots, o coeficiente de correlação intraclasse (CCI) e o teste t pareado compararam os valores de GC e MLGC obtidos pelas DC e BIA, com a DXA. Foi considerado significativo p<0,05. Resultados: 42 pacientes, 60% do sexo masculino, com média de idade de 55,8 anos (± 14,6). Do total, 52,4% eram idosos (>60 anos). O tempo de HD foi de 3 meses a 18 anos (mediana 17,3 anos). A maior prevalência de desnutrição foi diagnosticada pelo MIS (47,6%) e as menores pela DC e DXA (2,4%). Em comparação com o diagnóstico do estado nutricional pela DXA, encontrou-se uma boa concordância com a BIA (k=0,656; p<0,001) e muito boa com as DC (k=1,0; p<0,001). Os indicadores IMC, MGC (kg) pela BIA e MGC (kg) por DC apresentaram uma correlação positiva forte com a MGC (kg) avaliada pela DXA (r=0,915, p<0,001; r=0,976, p<0,001; r=0,910, p<0,001, respectivamente). A CMB e ASG apresentaram uma correlação moderada com a MGC (kg) pela DXA (r=0,635, p<0,001 e r=0,522, p<0,001, respectivamente). Encontrou-se CCI forte entre os valores de MGC (kg) (r=0,856) e MLGC (kg) (r=0,817) obtidos por DC e DXA e entre os valores de MGC (kg) (r=0,975), %GC (r=0,934), MLGC (kg) (r=0,961) e %MLGC (r=0,934) obtidos por BIA e DXA. As DC e a BIA subestimaram os valores de %GC (-4,65% e -2,13%, respectivamente) e superestimaram os valores de MLGC (kg) (3,12 kg e 1,0 kg, respectivamente), em comparação com a DXA, no entanto, não houve diferença média significativa entre os valores de MGC (kg) estimada pela BIA e DXA (p=0,178). Conclusão: Os indicadores nutricionais mais relacionados com a DXA foram o IMC, CMB, DC e BIA. A BIA foi o indicador mais apropriado para a mensuração da composição corporal.