O córtex pré-frontal (CPF) possui um grande número de vias aferentes e eferentes que podem estar envolvidas em respostas a estímulos como o reconhecimento de expressões faciais. A técnica de espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) tem sido aplicada em diversos estudos sobre a função cerebral por ser método não invasivo, validado e de menor custo, porém estudos conduzidos com a NIRS sobre processamentos emocionais após a percepção de expressões faciais em homens e mulheres ainda não são conclusivos. A partir disto, a presente dissertação avaliou as diferenças entre sexo e lateralidade no padrão hemodinâmico da região pré-frontal do córtex cerebral empregando a técnica da NIRS após a percepção de estímulos emocionais gerados pela observação de expressões faciais, conscientes e não conscientes, para se correlacionar os padrões na oxigenação cerebral local frente a diferentes estímulos emocionais. Quatorze homens e 14 mulheres com idade entre 20 e 35 anos, destros e saudáveis foram avaliados antes, durante e após a apresentação de seis expressões faciais (neutra, feliz, triste, raiva, nojo e medo) de forma consciente e, não consciente, apresentando-se expressões de nojo e medo muito rápidas e sobrepostas pela expressão facial neutra. Os resultados mostraram valores dependentes de sexo, hemisfério, tipo de expressão facial e o tempo de processamento emocional. Valores de hemoglobina oxigenada (HbO2) foram maiores no CPF direito de mulheres do que em homens durante a percepção consciente da expressão facial feliz, e no CPF esquerdo após a percepção deste estímulo. Nas mulheres, o CPF direito teve maiores valores de HbO2 durante a visualização da expressão neutra. Já nos homens, valores de HbO2 foram maiores no CPF esquerdo durante a exibição da expressão feliz, enquanto no CPF direito teve valores menores de HbO2 durante a visualização da expressão facial feliz comparado com a expressão facial neutra. Com relação aos valores de hemoglobina desoxigenada (HHb), não houve diferenças significativas nas expressões percebidas de forma consciente, porém, nas percebidas de forma não consciente os valores foram maiores durante a apresentação da expressão facial de nojo do que na expressão facial de medo, e maiores após a percepção da expressão facial de medo do que durante sua apresentação. Os resultados obtidos indicam que há diferenças entre o padrão hemodinâmico avaliado indiretamente pela NIRS entre homens e mulheres, hemisfério direito e esquerdo, e percepção consciente e não consciente de expressões faciais com conteúdo emocional. Isso indica que há um processamento neural envolvendo o córtex cerebral que é dependente do sexo, e das conexões que devem ser feitas por um e outro hemisfério para a compreensão geral da emoção percebida. Além disso, há diferenças entre tais percepções para expressão facial com conteúdo positivo (expressão facial feliz) e negativo (expressões faciais de medo e nojo) para processamentos rápidos e que podem ser conscientes ou originados de estímulo sutil, não consciente, porém determinante de reação neural. Esses dados também auxiliam na compressão do processamento emocional humano em situação normal e podem servir como referência para quadros de distúrbios que envolvam emoções, sua percepção e comportamentos sociais relacionados com isso.