Esta pesquisa teve por objetivo investigar o que denominamos de adaptação, flexibilização ou diferenciação curricular nas práticas curriculares do Ensino Fundamental para os alunos com deficiência intelectual incluídos em sala de aula regular. Nossa opção por focar nos alunos com deficiência intelectual é decorrente do desdobramento de um projeto maior, vinculado ao Observatório de Práticas Escolares (OPE), intitulado “Escolarização de alunos com deficiência”, um projeto em rede que envolveu a Universidade do Estado de Santa Catarina, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Universidade do Vale do Itajaí. Esse projeto maior teve como objetivo analisar os processos de escolarização dos alunos com deficiência intelectual no âmbito da sala de ensino regular e nas salas de recursos multifuncionais por meio do atendimento educacional especializado. O desenvolvimento metodológico da pesquisa ocorreu por meio de pesquisa documental, a partir dos vídeos, do acervo de dados do referido projeto, referente a aulas registradas no Ensino Fundamental, nas cidades de Florianópolis e Itajaí, ambas do estado de Santa Catarina. O método de análise da pesquisa foi inspirado nas contribuições de Cathcart (2017), que realizou a análise de dados da sua pesquisa por meio de uma escala que permitiu observar pontos específicos de uma aula e a interação nos momentos significativos a partir de roteiro previamente definido. As contribuições teóricas desdobraram-se a partir de autores da Sociologia crítica de Currículo, como Goodson (1995; 2003; 2008), Sacristán (2000) e Young (2013), e de autoras que discutem a inclusão do público-alvo da Educação Especial, como Lunardi-Mendes (2005; 2008), Lunardi-Mendes e Silva (2014), Mesquita (2009) e Pletsch (2010). Esta pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na linha de pesquisa “Políticas Educacionais, Ensino e Formação”, e teve como apoio a bolsa concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (CAPES). Os resultados da pesquisa evidenciam que os movimentos curriculares dentro da sala de aula regular, por meio dos vídeos analisados, acontecem mais na forma de adaptação de uma atividade específica para o aluno com deficiência intelectual do que por uma mudança no currículo total da sala de aula. As atividades são explicadas com poucos recursos, e as estratégias, mesmo que em diferentes municípios e contextos, acontecem na mesma sequência didática: início, meio e fim, voltadas à forma tradicional de exposição de conteúdo. Nas realidades estudadas a partir dos vídeos dispostos no banco de dados do OPE, a inclusão dos sujeitos com deficiência intelectual parece ficar restrita à socialização no contexto escolar e não na forma de potencializar a aprendizagem desse sujeito a partir de conhecimentos escolares historicamente construídos.