As florestas secundárias que compõem grande parte da Floresta Ombrófila Densa abrigam
diversas espécies arbóreas de excelente potencial de aproveitamento madeireiro. No entanto,
por se tratar de áreas sob domínio da Floresta Atlântica, as florestas secundárias estão cercadas
de leis rígidas e burocráticas que dificultam o manejo de espécies nativas. Discussões
divergentes sobre manejo ecossistêmico e conservação da Floresta Atlântica mantêm a floresta
imobilizada pela burocracia, enquanto, plantios homogêneos de espécie exóticas tomam conta
da paisagem. Uma estratégia considerável tanto do ponto de vista produtivo quanto
preservacionista é ampliar os estudos regionais, acerca de espécies promissoras. Neste contexto,
escolhemos uma espécie potencialmente produtiva quanto ao uso da madeira. Miconia
cinnamomifolia costuma se estabelecer de forma intensiva no início do processo de sucessão
florestal, em áreas abandonadas após o uso agrícola. Além disso, seu fuste reto, a velocidade
do seu crescimento, a alta densidade da madeira e a aceitação nas serrarias já são conhecidos.
Assim, objetivamos avaliar alguns fatores ambientais que determinam o maior incremento do
perímetro do tronco de M. cinnamomifolia, assim como, a fisionomia da vegetação que
apresenta as melhores taxas de crescimento e que possam oferecer subsídios ao manejo.
Associando metodologias dendrocronológicas e estudos ecológicos, delimitamos quatro áreas
compostas predominantemente por árvores da espécie, porém, com diferentes estruturas de
vegetação. Instalamos cintas dendrométricas e acompanhamos o incremento do perímetro do
tronco de 59 árvores pelo período de 12 meses. Aliados a esta metodologia, abrimos cinco
trincheiras em pontos estratégicos para avaliar a fertilidade e a composição dos solos.
Monitoramos 33 poços hídricos instalados próximos as árvores das áreas 1A e 1B, pressupondo
que o afloramento do lençol freático influenciava negativamente o crescimento da espécie em
função do gradiente topográfico. Além disso, investigamos o que determina as maiores taxas
do incremento do perímetro do tronco de M. cinnamomifolia, considerando os aspectos
fisionômicos de diferentes áreas. Nossos resultados denotam que apesar de o gradiente
topográfico das áreas determinar importantes diferenças no regime hídrico dos solos, nem estes
fatores, nem a fertilidade natural dos solos pareceu afetar de modo significativo o crescimento
das árvores. Contudo, o preditor climático “volume de chuva acumulado” foi fator chave. A
alta sensibilidade do crescimento de M. cinnamomifoliaem resposta a precipitação local é o
critério de produtividade mais importante do estudo. No entanto, apesar da evidente influência
climática da precipitação sobre o crescimento da espécie em todos os sítios de estudo, as árvores
da pastagem foram mais responsivas ao incremento no volume de chuvas. Isto parece sugerir
que o acesso à luz interfere na velocidade de incremento, mas ao mesmo tempo gera dúvida de
que talvez a competição por água, supostamente maior quanto mais densa for a vegetação, possa
exercer influência no incremento das árvores da espécie.