A emigração tem se apresentado com uma problemática global que perpassa as relações internacionais e políticas internas. O Brasil é um país o qual os fluxos migratórios fizeram parte da sua construção. A busca por oportunidades, guerras, conflitos religiosos e desastres ambientais estão entre as principais causas desse processo. Em 2010, ocorreu um terremoto que devastou o Haiti, o que fez com que os haitianos emigrassem para alguns países da América Latina, dentre eles, o Brasil, que acabou sendo surpreendido pela emigração em massa. Esses sujeitos chegaram inicialmente ao Acre, porém, passaram por algumas dificuldades em relação à sua permanência no estado, fazendo com que o governo “criasse” estratégias para que fossem encaminhados a outros estados. Nesse processo, Santa Catarina recebeu diversos imigrantes, principalmente, devido a sua capacidade de geração de emprego. Mas, o que parecia ser o “Eldorado” foi do céu ao “Inferno”, pois dificuldades como adaptação cultural, domínio do idioma e carência de apoio a imigrantes pelo poder público se tornaram recorrentes. O governo é apontado como o principal órgão na resolução dessa “problemática”, mas essas questões vão além da gestão de suas fronteiras, pois, o imigrante traz uma nova cultura, comportamentos, valores que, muitas vezes, são percebidos com preconceito e discriminação. O itinerário vivenciado pelos imigrantes haitianos despertou a “curiosidade” dos pesquisadores acadêmicos, especialmente, no que diz respeito ao cotidiano desses sujeitos. Porém, a emigração dos haitianos aconteceu há 8 (oito) anos e diversas pesquisas têm apresentado as dificuldades enfrentadas por esses emigrantes, entretanto não percebemos de que forma as pesquisas realizadas têm contribuído para sua visibilidade. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo compreender a percepção dos pesquisadores de uma Universidade sobre a realidade cotidiana vivenciada pelos imigrantes haitianos. A partir desse estudo, buscamos contribuir com um debate sobre a visibilidade desses sujeitos na região pesquisada, bem como, o papel desempenhado pelo governo, sociedade e pesquisadores. Destacamos, também, a valorização dos imigrantes para o desenvolvimento de um país, inteirando aspectos como: o econômico, o político, o social e o organizacional. Por meio de uma abordagem qualitativa, com método de indução analítica, procedemos com a prática de coleta de entrevista não-dirigida e para a análise realizamos categorização temática. Foram entrevistados 4 (quatro) pesquisadores acadêmicos de áreas multidisciplinares que vêm trabalhando com esse grupo social desde 2015. Como principais resultados podemos destacar e emersão de 14 (quatorze) categorias, sendo elas: Mercado de trabalho; Violência e Oportunidade; Preconceito e Discriminação; Religiosidade e Políticas Públicas Locais; Pertencimento, Associativismo e Interações Sociais; Violações e Vulnerabilidade; e Gênero e Visibilidade. Assim, podemos ressaltar que, os imigrantes haitianos são explorados no mercado de trabalho e violentados em várias esferas. Apesar de buscarem por uma oportunidade, quando não a encontram, emigram para outros países. Em relação ao preconceito e discriminação, os haitianos demonstram sentir nos aspectos da saúde e educação. As igrejas da região pesquisadas acabam desempenhando o papel de políticas públicas e os haitianos aderem as religiões brasileiras, isso porque, em muitos casos, já a praticavam no Haiti. Esse estudo contribui com uma reflexão acerca do papel do pesquisador enquanto sujeito pesquisado sobre seus sujeitos de pesquisa.