Articulando diferentes campos – educação musical, educação infantil e ensino superior – percebi que os espaços da infância têm requerido a atuação profissional do educador musical sendo então a qualidade da formação docente em nível superior um desafio atual. Assim, constitui-se objetivo geral desta pesquisa compreender como tem se dado a inserção da educação infantil nos cursos de licenciatura em música das instituições federais de ensino superior (IES) das capitais da região nordeste e que concepções e direcionamentos didático- pedagógicos orientam a formação docente para atuação na infância. Especificamente, busca identificar e discutir elementos da literatura e documentos oficiais que tratem e legitimem a presença da temática da educação infantil na formação docente em música; identificar as Universidades Federais de capitais da região nordeste que possuem cursos de Licenciatura em Música; verificar e diagnosticar a presença de temática sobre educação infantil nos currículos das licenciaturas em música nessas IES no que tange tanto ao ensino quanto à extensão, compreendendo disciplinas e ementas; discutir e compreender aspectos gerais relacionados à presença desse tópico na formação inicial de educadores musicais identificando perspectivas, prospecção profissional, concepções e resultados, e; verificar a importância e o provável impacto de saberes e competências em música para a educação infantil na formação inicial em nível de graduação. Dessa forma, foram analisados os Projetos Pedagógicos de Curso das Licenciaturas em Música de IES federais das capitais do nordeste, aplicado questionário semiestruturado com coordenadores ou representantes e, posteriormente, realizado entrevista com professores identificados como aqueles que lidam com aspectos da Educação Musical Infantil (EMI) nesses cursos. Para tal, admitiu-se confluência entre as abordagens quali e quantitativa de pesquisa com discussão epistêmica embasada na perspectiva sócio histórica. Verifiquei que os temas que me inquietam na EMI são também recorrentes na literatura, a saber: atuação e prática docente, políticas públicas e formação docente. Do termo infância, realizo uma discussão mais aprofundada sobre o termo EMI e defendo que, por suas características tão distintas definidas pelo campo de atuação e pelos saberes mobilizados para efetivação de sua práxis, ela seja considerada em sua especificidade, reconhecida como um fenômeno, campo de saberes e práticas específicas. Na maioria dos cursos investigados a EMI se apresenta nas disciplinas, seguida de cursos de extensão e eventos realizados, destacando os estágios supervisionados. Nesse sentido, ressalto a concepção de que a EMI revela-se exclusivamente na prática, haja vista a pouca expressividade (n=1) da pesquisa dentre as IES. A partir das entrevistas foi possível perceber certo pioneirismo dos docentes respondentes em desenvolver ações em EMI em suas universidades. Eles acreditam que o tema é de extrema relevância dada as especificidades envolvidas, no entanto, as perspectivas parecem ser restritas, pelo campo de atuação profissional, pela visão dos demais docentes do curso, ou por englobar modelos e práticas específicas reproduzidas sem refletir ou avançar. O protagonismo dos alunos surge como solução para a formação insuficiente se considerada apenas o currículo obrigatório. Os principais desafios serão resolvidos na medida em que a universidade revisitar práticas e modelos da EMI, avançando em aspectos práticos e conceituais.