Apesar dos inúmeros avanços tecnológicos alcançados, a sociedade se depara com alta volatilidade dos preços de commodities, desigualdades sociais, poluição dos mares, entre outros problemas. Como resultado do sistema de produção linear, baseado no modelo “take-make-dispose”, os recursos são extraídos desordenadamente e os produtos resultantes são consumidos e despejados em lixões, depósitos e aterros. Com isso, a Economia Circular se apresenta como um novo modelo holístico de sustentabilidade que busca manter o fluxo de materiais e produtos em sua maior utilidade e valor, transformando os resíduos em novos recursos. Nesse contexto, se encontra a indústria química, que se relaciona à montante e à jusante com diversos setores da economia e, por isso, tem um forte impacto social, econômico e ambiental. No Brasil, a indústria química está entre as dez maiores do mundo, entretanto, o cenário de estagnação entre produção e venda nacional tem acarretado em um elevado déficit comercial nos últimos anos. O objetivo desta pesquisa é discutir a relação da Indústria Química com a Economia Circular em nível mundial, de modo a servir de base para a sua aplicação no Brasil. Para isso, buscou-se identificar os principais agentes transformadores, produtos e processos já envolvidos, bem como os setores que podem ser impactados, utilizando, principalmente, os estudos de caso publicados pela Fundação Ellen MacArthur. A base de dados gerada permitiu identificar que as ações circulares já existentes possuem foco no reuso ou reciclagem de coprodutos e resíduos de processos, como resinas e fibras, majoritariamente. Dessa forma, pode-se inferir que os setores petroquímico e de energia, a montante, e de transformados plásticos, a jusante, tendem a ser mais impactados, principalmente, pelas conversões em fertilizantes, bioplásticos, plásticos reciclados, biocombustíveis e cogeração de energia. Foi possível identificar também um movimento crescente de novos modelos de negócio baseados em Chemical Leasing,Logística Reversa e Waste-to¬-Energy. Assim, conclui-se que a indústria química pode exercer um importante papel na contribuição para o advento da economia circular ao atuar como fornecedor de fontes alternativas de energia, aproveitamento de resíduos e matérias primas renováveis.