A epidemia da AIDS constitui-se um importante problema de saúde pública, apresentando-se como uma das principais causas de morte prematura no mundo. Conhecer as causas de óbito, fatores de risco e de evolução clínica constitui-se como peça chave para prevenção e controle da epidemia, permitindo o estabelecimento de prioridades para o planejamento de políticas públicas e gestão do cuidado. O estudo tem, como objetivo investigar óbitos associados ao HIV/aids ocorridos na cidade de João Pessoa-PB. Trata-se de um estudo epidemiológico, longitudinal retrospectivo com abordagem quantitativa, realizado em dois Serviços de Assistência Especializada no município. A população deste estudo foi constituída por 173 pacientes, notificados no SIM, no período de 2007 a 2015. Constituíram como critério de inclusão pacientes com idade maior ou igual a 18 anos, que tenha realizado acompanhamento nos serviços do estudo e constando a declaração de óbito em seu prontuário. Constituiu-se como critério de exclusão prontuários com registros incompletos. Foram realizadas análise descritiva e estimação da sobrevida desses pacientes com utilização de técnicas de análise de sobrevivência, com o estimador de Kaplan-Meier, modelo paramétrico Log-normal e modelo de Cox. Observou-se nos casos estudados maior prevalência do sexo masculino (67,1%), da faixa etária entre 30 e 49 anos (60,7%), heterossexuais (57,2%), que tinham história de etilismo (43,9%), daqueles que buscaram por diagnóstico após surgimento de sinais e sintomas (80,3%), utilizaram a terapia antirretroviral (74%) e apresentaram a sepse como principal causa do óbito (25,4%). Considerando o teste de log-rank houve diferenças significativas, no que se refere ao tempo até o óbito, para as variáveis: comportamento sexual, causa do óbito, carga viral, quantidade de consultas realizadas por infectologista, contagem de linfócitos T-CD4, uso de TARV, classificação da TARV, ocorrência de internações, abandono do tratamento e abandono do acompanhamento clínico. O modelo log-normal apresentou como covariáveis significativas, que influenciam no tempo mediano de vida, as seguintes variáveis: idade; escolaridade; motivo para busca pelo diagnóstico; carga viral; o uso da TARV e a quantidade de internações. No que se refere ao modelo de Cox, as variáveis: idade, escolaridade, uso de álcool, carga viral, uso de TARV e número de internações hospitalares foram significas para explicar o risco de morte dos pacientes. Os modelos apontaram relevantes fatores que influenciam na ocorrência do óbito, ao identificar uma maior vulnerabilidade, entre os indivíduos que não fazem uso da TARV, < 40 anos, com baixa escolaridade, carga viral > 5 mil cópias, com procura por diagnóstico a partir dos sinais e sintomas e aqueles que apresentaram apenas uma internação durante seu acompanhamento clínico. Evidenciando assim a necessidade de minimizar o risco de óbito a partir da busca ativa por diagnósticos precoce, como também desde as primeiras consultas utilizando estratégias que envolvam diálogos, orientações e esclarecimentos a respeito das principais dúvidas dos indivíduos diagnosticados com HIV/aids.