A linhaça (Linum usitatissimum) é amplamente estudada por seu valor nutricional excepcional e benefícios dos seus compostos na saúde humana e animal. Dentre eles, as lignanas podem ser destacadas, capazes de afetar positivamente a capacidade antioxidante do consumidor. Ainda, são capazes de serem transferidas aos produtos de origem animal, promovendo benefícios à saúde de quem os consome; seus efeitos estão ligados ao controle eficiente da oxidação, com papel principal na prevenção de diversas doenças, como doenças cardiovasculares, diabetes, vários tipos de câncer, dentre outras. O rúmen é comprovadamente um ambiente eficiente no metabolismo de lignanas vegetais, convertendo-as à enterolignanas, as quais possuem capacidade antioxidante potencializada, sendo superior a boa parte dos antioxidantes já conhecidos, como a vitamina E. Entretanto, uma porção pequena das espécies ruminais pode ser cultivada em condições de laboratório, limitando os estudos da biologia de diversas espécies. Portanto, o uso de técnicas metagenômicas para prospecção por enzimas no rúmen é crucial para o avanço no conhecimento na área de microbiologia do rúmen. Desta forma, foi proposto estudar os genes ligados ao metabolismo de lignanas da linhaça. Ainda, se estudou a capacidade de degradação de lignanas vegetais e seus produtos da degradação. Para alcançar os objetivos deste estudo foram realizados dois ensaios experimentais. Primeiramente, foi preparada uma biblioteca metagenômica de 11.500 clones, com inserções de DNA de microrganismos ruminais alocadas em Escherichia coli hospedeiras. Em seguida, foi realizada a análise genômica dos clones com atividade positiva (144 clones) para degradação de secoisolariciresinol diglicosídeo, a qual foi avaliada frente à análise por cromatografia. Ainda, um metatranscriptoma de microrganismos ruminais gerado a partir de incubações de líquido ruminal com ou sem adição de secoisolariciresinol diglicosídeo, a fim de estudar os transcritos e possíveis genes envolvidos com a degradação da lignana vegetal. Como conclusão, não foram identificados produtos da degradação de secoisolariciresinol diglicosídeo (enterodiol e enterolactona), bem como possíveis genes envolvidos na degradação de lignanas vegetais nos clones positivos da biblioteca, o que sugere que as inserções de DNA bacteriano ruminal não continham informações genômicas que codificassem para enzimas capazes de aumentar a capacidade de degradação do composto, ou que o método de análise adotado não foi eficiente na recuperação dos genes. Em adição, o metatranscriptoma revelou sequências super-representadas que podem revelar genes diferencialmente expressos da microbiota ruminal quando em contato com secoisolariciresinol diglicosídeo.