Introdução: O linfonodo sentinela (LNS) é o primeiro linfonodo regional a ser
comprometido por metástases nas neoplasias malignas. As pacientes com carcinoma
do colo do útero são boas candidatas ao estudo do LNS, pois com o tratamento
padrão hoje estabelecido, até 90% das pacientes com tumores precoces podem ser
submetidas à linfadenectomia pélvica desnecessariamente e ainda apresentar as
complicações decorrentes da mesma. Objetivos: avaliar a sensibilidade e o valor
preditivo negativo (VPN) do LNS em predizer metástase em linfonodos para o
câncer do colo do útero e descrever as características dos LNS do colo do útero.
Material e Método: O estudo incluiu 57 pacientes com diagnóstico de câncer do
colo do útero, tratadas no Hospital Erasto Gaertner em Curitiba, de 2008 a 2010,
pertencentes ao estadiamento Ia2, Ib1, Ib2 e IIa da FIGO. As pacientes foram
submetidas à pesquisa do LNS com o uso de azul patente, linfocintilografia e
pesquisa intraoperatória com gama probe. Os linfonodos foram estudados pela
hematoxilina-eosina e imunoistoquímica nos casos negativos para metástases. Todas
as pacientes foram submetidas à cirurgia radical. Resultados: Sete (12,3%) casos
eram adenocarcinoma e 50 (87,7%) carcinoma epidermóide. Onze (19,3%) casos
encontravam-se no estádio Ia2, 29 (50,9%) Ib1, 14 (24,6%) Ib2 e 3 (5,3%) casos IIa.
Vinte e sete pacientes (47,4%) foram submetidas previamente à conização. Foram
identificados, no total, 88 linfonodos. Vinte e seis destes foram obturadores direitos,
22 obturadores esquerdos, 19 ilíacos direitos, 19 ilíacos esquerdos e 2 paraórticos. A
mediana de 2 LNS foram dissecados por paciente, variando de 1 a 4. Com relação à
marcação dos LNS, 55 (63%) foram marcados concomitantemente pelo azul patente
e pelo tecnécio; 25 (28%) apenas pelo tecnécio (TC); e 8 (9%) apenas pelo azul
patente (AP). Foram identificados 27 (47,4%) casos de captação bilateral, 19 (33,3%)
casos unilaterais, 1 (1,8%) caso paraórtico associado à captação bilateral, e 1 (1,8%)
caso apenas paraórtico. Em 9 (15,8%) casos não identificados LNS. A lateralidade da
linfocintilografia coincidiu com a do exame perioperatório em 33 casos. Em 8
(16,7%) casos dos 48 onde houve detecção do LNS, o sentinela foi positivo para
metástase. Em 2 (4,2%) destes 48 casos, o LNS foi negativo para metástase à
hematoxilina-eosina, porém positivo à imunoistoquímica. A taxa de detecção do
LNS foi 84,2%, com sensibilidade de 88,9% e VPN de 97,5%. A taxa de falso
negativo foi de 2% (linfonodo sentinela unilateral e presença da metástase
contralateral ao sentinela após linfadenectomia pélvica sistemática). Conclusões: A
pesquisa do LNS foi associada com altas taxas de detecção, sensibilidade e VPN.
Não foi encontrado falso negativo quando foram detectados LNS bilateralmente.
Podemos sugerir que a linfadenectomia pélvica sistemática poderia ser realizada
apenas em casos de não detecção do LNS ou, caso haja detecção unilateral do LNS,
apenas do lado não detectado. No entanto, são necessários outros estudos para avaliar
o impacto clínico da realização exclusiva do LNS sem a linfadenectomia sistemática.