O processo de aprendizagem do ser humano pode se dar de acordo com as experiências por ele vivenciadas, pelo conhecimento adquirido ou um fato presenciado. Para isso também é necessário um ensino que eleve esse ser, que possibilite, além da informação, um pensamento crítico. Por isso, nossa pesquisa trata desse processo, tendo como foco o material pedagógico mais utilizado nas escolas; o livro didático. A presente pesquisa teve como objetivo geral avaliar nos livros didático de Ciências do 8º Ano Ensino Fundamental, se e de que maneira as doenças prevalentes da população negra são apresentadas, considerando as possíveis articulações com a Lei nº 10.639/2003 em três coleções didáticas de Ciências Naturais do Ensino Fundamental II aprovadas no PNLD 2013/2014 para o triênio de 2014 a 2016. Para tanto, foram utilizados os conceitos de interdisciplinaridade e complexidade, além da abordagem metodológica por meio da Teoria Fundamentada, que consiste numa abordagem de pesquisa qualitativa com o objetivo de descobrir considerações e hipóteses baseadas nos dados coletados, ao invés de utilizar aqueles predeterminados, além da base qualitativa de Minayo. Utilizamos bases teóricas como: Fazenda trazendo o conceito de interdisciplinaridade e complexidade proposto por Morin; Navas; e Manechine . Desse modo, as categorias analisadas foram: codificação aberta, codificação axial, codificação seletivo/teórica, Anemia falciforme, DST/AIDS e Sífilis. Para aporte teórico, utilizamos os autores: Mukherjee, Andrade, Cunha, Rocha, Oliveira, Debret, Figueiredo, e Mengarda, Mungana, Rocha; Silva que discutem a saúde da população negra em geral e o histórico do povo negro em saúde; e Lajolo que trata de livro didático, entre outros que corroboraram para o melhor entendimento da nossa pesquisa. Nossos resultados apontaram à necessidade de ter nos livros didáticos de ciências do 8º ano as doenças prevalentes da população negra ou mesmo sinalizar que as doenças postas nos livros são prevalentes dessa população, de modo a minimiza as dificuldades de aprendizagem que as pessoas que têm essas doenças enfrentam na sala de aula na perspectiva de um melhor entendimento dos sintomas, em especial pela comunidade As doenças ainda são tratadas nos livros didáticos com o discurso normatizado, a exemplo, discute o sexo no aspecto negativo e nada elucidativo. Nas três coleções, constatamos a ausência desses conteúdos enquanto fator raça. Nossa intenção é trabalhar a interdisciplinaridade que existe entre a história e a ciência, percebendo a importância desta para entender o contexto e a conjuntura atual da prática de ensino em ciências. O que buscamos não é a evidência de algo ruim remetido às pessoas negras; e sim a equidade de direito à informação, desmitificando o preconceito nivelado que existe na sociedade. Uma das formas de fazer isso é aplicando a Lei supracitada de forma interdisciplinar, reafirmando a complexidade que existe nos conteúdos de saúde abordados em ciências e visando alcançar outros níveis de ensino. Esta visão interseccional entre a Biologia, a Lei 10.639/2003 e o conteúdo dos livros de Ciências é de profunda importância, uma vez que, de acordo com esta, há a obrigatoriedade do ensino voltado para a população negra, porém mesmo com assuntos presentes nos livros, percebemos que os próprios não são apresentados de forma a contemplar a Lei. A partir disso podem-se criar alternativas para a aplicação da mesma.