A mastite é uma enfermidade da glândula mamária que se caracteriza por um processo inflamatório, quase sempre decorrente da presença de microrganismos infecciosos. à considerada a principal causa de perdas econômicas relacionadas à prática leiteira, já que interfere diretamente na função do órgão, diminuindo de 15-20% a produção láctea/animal. Dentre os microrganismos identificados como causadores da mastite, bactérias da espécie Staphylococcus aureus são as mais comumente relacionadas, sendo responsáveis por mais de 91% dos casos. O surgimento de cepas droga-resistentes associado a grande toxicidade do tratamento, imprime a necessidade do desenvolvimento de uma vacina efetiva, segura e barata, que possa ser utilizada como medida preventiva contra a mastite. Por esse motivo, objetivamos o desenvolvimento de uma vacina composta por antÃgenos totais de S. aureus (SaAg), administrada por via intranasal ou intramuscular, contra a mastite experimental. O preparo da vacina foi realizado a partir da cultura de uma cepa de S. aureus isolada de glândula mamária bovina, caracterizada molecularmente e submetida a 15 ciclos de congelamento e descongelamento lento. Camundongos BALB/c, foram vacinados pelas vias intranasal ou intramuscular com SaAg (50 g/mL) em 2 doses intervaladas por 15 dias, para avaliação da biocompatibilidade e imunogenicidade. Os sinais clÃnicos foram monitorados por 72 horas após cada dose, onde se observou alterações comportamentais e fÃsicas, com intensa resposta inflamatória nos animais vacinados por via intramuscular. Não foram observadas diferenças nos nÃveis de transaminases e creatinina entre os grupos vacinados por via nasal ou intramuscular em comparação com o controle. Além disso, foi verificado um aumento significativo das respostas linfoproliferativas dos animais vacinados em relação aos controles. Animais vacinados por via intranasal apresentaram maiores porcentagens de linfócitos TCD4+ e TCD8+ produtores de IFN-γ quando comparados aos demais grupos, o que não foi verificado na avaliação da produção de citocinas utilizando o sobrenadante das culuras estimuladas com SaAg in vitro. De forma diferente, animais vacinados por via intramuscular apresentaram maiores porcentagens de linfócitos TCD4+ e TCD8+ produtores de IL-10, quando comparados aos demais grupos, bem como produziram maiores nÃveis de IFN-γ nos sobrenadantes de cultura reestimulados, quando comparados aos grupos controle ou vacinados por via intranasal. Na avaliação da resposta imune humoral, significativos nÃveis de IgG2a foram relacionados à vacinação intranasal, quando comparados aos demais grupos. Além disso, animais vacinados por via intranasal ou intramuscular apresentaram semelhantes nÃveis de IgG1, porém, significativamente maiores que os animais controle. Dessa forma, nossos resultados demonstram a viabilidade do uso da vacina SaAg, administrada pelas vias intramuscular e intranasal, como um potencial agente profilático contra a mastite causada por S. aureus.